Encerramento do projeto “O Corpo Negro” terá ainda espetáculos de dança, aulas de samba de gafieira e feira com empreendedores negros e negras
O festival de dança O Corpo Negro termina no próximo domingo (28/05) com um evento gratuito na Praça Mauá, Zona Portuária do Rio, que vai levar a cidade a sambar. A partir das 14h, a praça vai receber aulas de samba de gafieira, feira com empreendedores negros e negras, DJs e apresentação dos espetáculos de dança “O corpo que habita o terno”, com o coreógrafo Jefferson Bilisco, e “Minas de ouro”, com as bailarinas Minas do Samba. A noite vai ser encerrada com um show, às 19h, de Xande de Pilares.
“Depois de passar por sete cidades, oferecendo mais de 130 atrações, a terceira edição do festival O Corpo Negro termina em samba, manifestação cultural inseparável da sociedade carioca. Fazemos reverência a todos os que o abrigaram, que o cultivaram e cultuavam, João da Baiana, Tia Ciata, Donga, Pixinguinha, Sinhô, Heitor dos Prazeres. Entre a Pedra do Sal e a Praça Onze, nos morros e comunidades, nas escolas de samba, que aqui revivemos e celebramos”, afirma André Gracindo, analista técnico de Artes Cênicas do Sesc RJ.
A última semana do festival ainda vai contar com espetáculos gratuitos de dança no Sesc Copacabana. De quinta (25) a domingo (28), às 19h, a Sala Multiuso recebe a performance “Iyamesan”, dirigida por Luna Leal.
Com nove bailarinas em cena, o espetáculo, inspirado na cultura Iorubá, reencarna Iyamesan, aquela que foi cortada em nove partes, a mãe dos noves filhos e dos nove céus. O espetáculo recorre ao universo das culturas afro-brasileiras como fundamento, com o objetivo de evocar o poder feminino na constituição do mundo e todas as coisas criadas.
Também de quinta (25) a domingo (28), às 20h, no Teatro Arena do Sesc, a companhia de dança Clanm apresenta a perfomance “Manifesto Elekô”, que propõe uma relação entre o mito de Obá e as mulheres negras contemporâneas.
Obá, orixá considerada a mais retinta, a deusa do ébano, liderou Elekô, uma sociedade restrita a mulheres guerreiras, mas, por ser mulher, foi incompreendida e teve sua história quase apagada. O espetáculo resgata essa história, com releituras de cantos tradicionais iorubás. A dança tradicional dos orixás se une ao contemporâneo em uma fusão de corpos e instrumentos.
Já no sábado (27) e no domingo (28), acontece, às 20h30, a performance “Imalẹ̀ Inú Ìyágbà”, com Adnã Ionara. No espetáculo, a bailarina apresenta memórias pessoais e relembranças de menina preta. É uma narrativa que fortalece o discurso e dá movimento e vida à raiz que se carrega.
O trabalho nasce da tentativa de despontar jornadas escurecidas, de forma individual e coletiva, na busca por transformação e formação de “escrevivências” que o corpo-memória sofre/produz. Sob os escombros dos céus, revelar os segredos que carregamos nos olhos e no peito-coração.
Mostra de filmes segue até o fim de maio
Além das performances de dança, a última semana do festival segue com a mostra de filmes produzidos ou estrelados por artistas negros, em várias unidades do Sesc no estado.
Entre os destaques, nesta quinta (25), o Sesc Niterói exibe, às 16h30, em única sessão, os filmes Negrum 3 e A Rainha Diaba. Na sexta (26), às 14h, o documentário Congar será exibido no Sesc Nova Friburgo, com a participação dos diretores Gabo M. Barros e Saulo Adão.
No sábado (27), o Arte Sesc, no Flamengo, terá sessão, às 17h, dos curtas Só sei sentir, Elegbará e Ilhas de Calor. No dia 31 de maio, às 15h, o Sesc Ramos exibe Damas do Samba. Veja a programação detalhada da mostra em ocorponegro.com.br.
A 3ª edição do festival de dança O Corpo Negro começou no último dia 29 de abril, no Rio de Janeiro, com apresentações gratuitas de espetáculos criados e executados por artistas negros e negras. Realizada pelo Sesc RJ, o evento termina no próximo domingo com mais de 130 atrações gratuitas oferecidas ao público, entre performances de dança, oficinas, debates e shows. A programação se estendeu pelas de cidades de Nova Friburgo, Nova Iguaçu, Niterói, Petrópolis, São Gonçalo e Barra Mansa
“Toda a programação foi selecionada por meio de um edital público inédito, orientado exclusivamente para artistas negras e negros, de todo o País, no campo da dança. Foi uma ação afirmativa, pensando numa política de equidade, incrementando as oportunidades para os artistas negros, visando propor um campo de trabalho mais justo e a valorização da produção negra na sociedade brasileira”, conclui André Gracindo.