Artista Raphael Cruz abre sua primeira exposição individual no Centro Afrocarioca de Cinema (RJ)

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A partir de suas experiências com os atravessamentos das barricadas nas favelas cariocas, o artista plástico Raphael Cruz abre a exposição individual intitulada “Rituais do Não Retorno que Retornam”, no Centro Afrocarioca de Cinema, no Rio de janeiro, nesta quinta-feira (17). A partir das 19h, o artista apresenta uma mostra de múltiplas linguagens que reflete seu percurso artístico, social e político.

A exposição dialoga com monumentos históricos, como o “Portal do Não Retorno”, localizado em Benin, na África Ocidental e o qual foi construído em memória das pessoas traficadas durante a barbárie da violência colonial. A exposição tem curadoria de Thais de Menezes e Messias de Oliveira, e fica aberta ao público até o dia 17 de setembro.

Em 2023, completam-se 10 anos da morte de Zózimo Bulbul, ator, cineasta, produtor e roteirista, fundador do Centro Afro Carioca de Cinema, em 2007, e Raphael Cruz frequentou durante sua formação como artista audiovisual. Agora, ele retorna com sua primeira exposição individual, no ano que marca os 10 anos de partida de Zózimo Bulbul.

Pra mim, essa exposição é um ressurgimento do Zózimo. Para quem conhece o trabalho do Zózimo no Afro Carioca, as pessoas vão conseguir enxergar muito dele, do seu ressurgimento na Exposição, após esses 10 anos de partida”, analisa Cruz.

O movimento artístico de Cruz pode ser entendido nesta exposição como uma exaltação de tudo o que está para dentro das barricadas. Segundo Thais de Menezes, “será possível observar uma ritualística coletiva de exaltação de uma vida que subverte a lógica de morte que por vezes é submetida a favela“.

Raphael Cruz é um artista carioca, nascido no bairro de Irajá e criado no Complexo da Maré, ambos na Zona Norte do Rio /Foto: Macário

A exposição resgata a importancia de não só discutir sobre o tema, mas também buscar caminhos para superar o estigma dolorido do maior fenomeno de crueldade da historia da terra, que foi a escravidão de pessoas negras. 

Desse modo, ‘Rituais do Não Retorno que Retornam’ é um gesto de retomada ancestral atualizada, que passa no corpo e no território; uma encruzilhada que edifica um tempo de paz, um tempo de canto, do cultivo das emoções, da potencialização dos sentidos para aqueles e aquelas que pela hegemonia muitas vezes são entendidos como espaço/corpo de guerras”, explica o artista.

O artista enaltece  em sua poética um território o qual se volta para experienciar coletivamente a potencialização dos sentidos com obras que  trazem em sua força visual e sonora, escrevivências, modos de construção do território resguardado pelas barricadas, ancestralidade e modos de restituição dos sujeitos que a historiografia insiste em esquecer“, reforça Thais.

Para Messias, outros sensos de pertencimentos podem ser experienciados aos cidadãos para que possam se identificar melhor com toda a cultura emanada, principalmente, das periferias. “Na poética de Cruz, teremos a chance de vislumbrar diferentes modos de vivenciar as tantas realidades da favela e partir da mesma. Uma vida que se refaz, se reinventa, em meio a barbárie cotidiana; Dito isso, a favela, a barricada,  oferece um outro horizonte projetivo de uma vida comunitária.

Sobre os curadores

Thais de Menezes é paulistana, pesquisadora, curadora independente e desenvolve suas atividades atualmente entre Europa e Brasil. É mestranda no curso de História da Arte pela Universidade Nova de Lisboa (Portugal) e graduada em Dança na Faculdade Angel Vianna (Brasil). Pesquisadora residente no MACBA, integrante do Programa de Estudos Independentes (Espanha); fundadora e diretora da plataforma ATRAVESSA, na cidade do Porto (Portugal) entre outros projetos curatoriais.  

Messias de Oliveira é graduado em filosofia, formado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO). É pesquisador e intelectual em constante trânsito dialógico entre a academia e o fazer artístico, com interesses no campo da filosofia da arte, arte moderna e neoconcretismo. Autor do ensaio intitulado “Zé Keti: samba, imagem e memória”, artigo publicado pela Revista Sikundhani.

Serviço

Exposição Rituais do Não Retorno que Retornam

De 17 de agosto a 17 de setembro

Onde: Centro Afrocarioca de Cinema – Rua Joaquim Silva, 40 – Lapa

Entrada Franca

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