Quase 1 milhão de estudantes podem desistir da faculdade por gastos com apostas, aponta pesquisa

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O impacto das apostas esportivas na vida de jovens brasileiros vai além do entretenimento. De acordo com um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) em parceria com a Educa Insight, quase um milhão de estudantes podem deixar de ingressar no ensino superior privado em 2026 devido aos gastos com plataformas de apostas online.

A pesquisa ouviu mais de 11 mil estudantes, entre 18 e 35 anos, de todas as regiões e classes sociais, entre os dias 20 e 24 de março deste ano. O estudo aponta que, do total estimado de 2,9 milhões de potenciais ingressantes na graduação particular, aproximadamente 986 mil correm risco de não efetivar a matrícula por conta de comprometimentos financeiros ligados a jogos de aposta.

Fraude no fies
Foto: Divulgação

A preocupação é crescente. Em comparação com a pesquisa anterior, realizada em 2024, houve aumento de 9,39% nos casos identificados no Sudeste e de 7,76% no Nordeste. Por outro lado, nas regiões Norte e Centro-Oeste, os índices apresentaram queda, de 33,16% e 24,97%, respectivamente.

Além de afetar quem está tentando ingressar no ensino superior, o hábito de apostar também atinge diretamente os estudantes já matriculados. Segundo os dados, 14% dos universitários relataram ter atrasado mensalidades ou até mesmo trancado o curso devido aos gastos com apostas.

A frequência da prática também chama atenção. A pesquisa mostra que 52% dos jovens apostam entre uma e três vezes por semana. No levantamento anterior, o número era de 42,9%. O valor gasto varia conforme a renda. Jovens da classe A destinam, em média, R$ 1.210 mensais às apostas. Já nas classes D e E, esse valor gira em torno de R$ 421.

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Embora a maioria dos apostadores comprometa até 5% da renda mensal com a prática, entre os estudantes de menor renda cresceu o percentual daqueles que direcionam até 10% do orçamento mensal às apostas, o que compromete diretamente outras prioridades, como o pagamento da faculdade.

Especialistas da área da educação e das entidades responsáveis pelo estudo alertam que a tendência preocupa e pode agravar o cenário de evasão no ensino superior, especialmente entre os estudantes de baixa renda. O levantamento reforça a necessidade de políticas públicas e campanhas educativas sobre os riscos do jogo compulsivo e o impacto financeiro que a prática pode causar na trajetória educacional dos jovens brasileiros.

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