Estilista acusa marca de plagiar roupa criada por ela: “A Farm é contrária aos meus valores, tenho ranço dessa branquitide e da apropriação cultural”

Farm; Plagio; Noticia Preta; Branquitude; Cópia

Farm; Plagio; Noticia Preta; Branquitude; Cópia

A loja de roupas Farm é acusada de ter plagiado uma fantasia de carnaval de uma afroempreendedora no Rio de Janeiro. Segundo Ligia Parreira, empresária e proprietária da Devassas.com, a empresa já produziu a fantasia em 2016 e a peça entrou no catálogo da Farm este ano. “Essa estampa tem 10 anos e depois eu transformei em fantasia, em 2016 que fiz o body com uma cabeça. Em 2016, eu fiz a primeira fantasia, mas a estampa, a ideia tem mais de 10 anos”, afirmou. 

Post de uma foliã data de 17 de janeiro de 2016 e ratifica a fala da empresária – Foto: Redes Sociais

Ainda de acordo com a empresária, a marca é “oportunista”. “Uma marca que sempre tive ranço é a Farm. Pois, além de ser uma marca oportunista, de patricinha branca, é uma marca que se apropria de símbolos de igualdade e ainda copia descaradamente designers independentes. Dessa vez quem foi a contemplada fui eu (…) A Farm rouba ideia de mulher preta!”, desabafou. 

Idealizadora do movimento Pop Afro Madu, um movimento de economia criativa negra, Ligia ainda conclamou os profissionais de moda a compartilhar as publicações para alertar os demais do que ela chamou de “(des) serviço. “Gostaria que todos os meus amigos profissionais de moda compartilhassem e marquem os coleguinhas que estão a serviço do plágio e da usurpação de ideias”. 

Post publicado no Instagram da Lígia Parreira, mostrando o catálogo da Farm – Foto: Redes Sociais

Reações

Imediatamente à publicação, várias pessoas compartilharam e comentaram sobre a possível cópia. Um dos seguidores da loja e da própria Lígia disse que “é falta de vergonha na cara e de caráter” da Farm. Ainda segundo Lígia, a Farm é oposta a tudo que ela acredita e prega. “A Farm é antagonista com todos os meus valores. Vocês sabem que eu não trabalho só com marca, mas com outros projetos de inclusão, identidade e afroempresariado e a Farm é completamente o contrário do que eu penso. Então, assim, tenho ranço de tudo. De branquitude, de apropriação cultural, de branco salvador da pátria, cirandeiro, cheio de gliter na cara, de São Salvador”, afirmou. 

Um dos seguidores da empresária sugere processo contra a loja Farm – Foto: Redes sociais

Resposta

Em nota, a Farm informou que lamenta o ocorrido e esclarece que seu time e parceiros criativos não tinham conhecimento da criação de Lígia Parreira e que a nova coleção, “VOA!”, se inspira nas artes circenses, no carnaval e no Rio de Janeiro. Desta temática, nasceram inúmeras estampas, peças e fantasias.

Ainda na nota, a Farm reforça a sua cultura de criatividade original e valorização do pioneirismo com respeito aos profissionais do segmento de moda e afirma que está convidando a estilista Lígia Parreira para dialogarem pessoalmente. “Infelizmente foi a partir da acusação da Lígia que tivemos a oportunidade de conhecer sua criação. O fato de ninguém envolvido no processo conhecer nos mostra que precisamos ampliar ainda mais o nosso radar para parceiros criativos, criando novas estratégias de inclusão”, finalizou Taciana Abreu, Head de Marketing da Farm.

Igor Rocha

Igor Rocha

Igor Rocha é jornalista, nascido e criado no Cantinho do Céu, com ampla experiência em assessoria de comunicação, produtor de conteúdo e social media.

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