A diretora-executiva da Anistia Internacional, Jurema Werneck, participou da abertura da 7ª edição do Power Trip Summit, neste domingo (22). Ela falou sobre a sua história na luta pelos direitos humanos e as dificuldades que os ativistas encontram no Brasil para colocar em prática as políticas públicas voltadas para o tema.
No encontro, realizado pela Marie Claire, Werneck enfatizou que o Brasil foi conquistado pelos europeus e, de lá para cá, os povos originários sofreram diversas formas de violência. “Esse país foi construído pela violência todos os dias. Não é que existe falta de empatia. Essa nação foi fundada na crueldade e se mantém nela”, afirma.
Ela lembra ainda que a violência é um medo constante dos ativistas e os ativistas, assim como aconteceu com a vereadora Marielle Franco, são, diariamente, perseguidos e mortos. “O Brasil é um dos que mais mata gente que luta”, lamentou. “Está muito arriscado viver na luta. As organizações têm sido perseguidas, criminalizadas”, lamenta.
Ela disse ainda que existem muitos pontos a avançar na luta pelos direitos humanos, mas a sociedade já chegou em um patamar que não tem retorno e a tendência é melhorar. “A utopia da minha bisavó está mais perto. A gente não pode parar, senão o outro lado que quer a violência domina. A gente não pode deixar. Tenho fé que a vida vai melhorar. O ativismo parte da indignação”, explicou.
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Citando o caso de racismo no metrô de São Paulo, Jurema lembra que a tecnologia auxilia e dá voz a quem nunca foi ouvido. “Nossa voz, do ativismo negro, chegou na casa de todo mundo. As pessoas já sabiam e fizeram a coisa certa. O próximo George Floyd pode ter a vida salva. Essa é a conquista da luta”, celebra.
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