Espetáculo “Na Lona de Benjamim” refaz passos do primeiro palhaço negro brasileiro com apresentações em SP

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A história e o legado de Benjamim de Oliveira (1870-1954), primeiro palhaço negro registrado na história brasileira e multiartista propagador do circo-teatro no começo do século XX, são os fios condutores do espetáculo “Na Lona de Benjamim”. A nova montagem do Coletivo Catappum!, que pesquisa desde 2015 a linguagem da palhaçaria preta, estreia dia 30 de janeiro, em São Paulo.

Com direção de Mafalda Pequenino e dramaturgia de Chico Vinicius e Fagner Saraiva, que estão em cena ao lado de Monique Salustiano, Jéssica Turbiani e Raquel Gandolfi, NA LONA DE BENJAMIM não é um espetáculo biográfico, mas uma homenagem ao próprio multiartista e aos artistas negros da época.

Foto: Caio Oviedo

No palco, uma trupe de palhaçaria que viaja no tempo/espaço remendando histórias do passado em busca da herança de Benjamim, encontra uma velha lona de circo, onde existe um morador desmemoriado que não lembra sobre a sua história, muito menos a de Benjamim. Com samba, músicas do congado mineiro, folias de reis, mágicas, números cômicos, teatro de revista, radio novela e melodrama, a trupe embarca nas memórias do circo-teatro brasileiro para combater o surto de desmemória aguda.

A diretora Mafalda Pequenino conta que colocou todo o elenco para cantar, dançar, tocar instrumentos, fazer palhaçaria, truques e números circenses e então atuar. “A minha direção vem nesse lugar de expansão, de trabalhar com essa multiplicidade, com a delicadeza de burilar cada linguagem mesclando com a arte circense e da palhaçaria e que trago para iluminar o picadeiro”.

Protagonismo preto

Contemplado com a 42ª edição do Edital de Fomento ao Teatro para Cidade de São Paulo, NA LONA DE BENJAMIM refaz os passos do ancestral palhaço negro Benjamim de Oliveira, nascido em 1870, um ano antes da Lei do Ventre Livre, e que se alforriou da sua condição de escravizado fugindo com o circo, onde aprendeu a profissão de acrobata, trapezista e depois de palhaço.

Benjamim produziu mais de 100 obras escritas para circo-teatro, diversas chulas e lundus gravados nos primeiros discos de 78 rotações no Brasil, atuações no cinema, no circo-teatro e direções de diversos espetáculos, entre outras ações artísticas.

Para Chico Vinícius, ator e dramaturgo, o espetáculo usa a metáfora dos múltiplos trabalhos artísticos de Benjamim de Oliveira, para falar de memória e do protagonismo dos artistas negros. “O povo preto teve um apagamento histórico de suas narrativas e a ideia de NA LONA DE BENJAMIM é resgatar esses personagens, pois ainda existem muitas histórias a serem contadas”, reflete ele.

A pesquisa para a criação do espetáculo contou com viagens para as cidades de Pará de Minas e Belo Horizonte, em Minas Gerais e Rio de Janeiro. Com um vasto material de entrevistas e documentos o Coletivo Catappum! produziu a websérie de três capítulos Caminhos Abertos de Benjamim de Oliveira, disponível no canal do YouTube do grupo.

Estamos fazendo coisas que há quatro anos não seria possível. Hoje contamos uma potente história da palhaçaria preta que consolidou o circo-teatro brasileiro. Todo esse caminho de pesquisa, para homenagearmos Benjamim, foi muito instigante e quando chegamos na sala de ensaio, já estamos povoados de ideias e informações, o que é inspirador. Então minha direção começa antes, quando os estudos ganham campo, na busca por livros, entrevistados e informações.  Quando decido seguir os passos de Benjamim eu já sei que direção seguir fora e dentro do palco”, reflete Mafalda Pequenino.

Serviço:

De 30 de janeiro a 9 de fevereiro, quinta-feira a sábado às 21h e domingo às 19h.

Teatro Paulo Eiró – Av. Adolfo Pinheiro, 765 – Santo Amaro, São Paulo.

De 13 a 23 de fevereiro, quinta-feira a sábado às 21h e domingo às 19h.

Teatro Arthur Azevedo – Av. Paes de Barros, 955 – Alto da Mooca, São Paulo.

14 anos | 90 minutos | Ingressos gratuitos.

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