Pessoas negras representam 55% da população brasileira, mas ocupam apenas 8,7% dos cargos de liderança nas 500 maiores empresas do país, segundo o Instituto Ethos. Apesar do crescimento em relação aos anos anteriores, quando o índice era de 3%, o dado ainda evidencia desigualdades. O tema foi destaque no Pacto das Pretas, que reuniu lideranças para discutir a presença de mulheres negras em espaços de decisão. Especialistas alertam que, sem metas e monitoramento, os avanços podem não se sustentar.
Em entrevista ao Notícia Preta, Luciene Malta, gerente de Relações Institucionais do Movimento pela Equidade Racial (Mover), analisou as perspectivas de futuro no mercado para mulheres negras: “A gente fala sobre sustentabilidade e a sustentabilidade do negócio só se dá quando pensamos em inovação e políticas de equidade de forma perene“. Luciene foi uma das palestrantes do do Festival Pacto das Pretas que aconteceu nesta segunda-feira (21), no Rio de Janeiro,
O evento reuniu lideranças e personalidades de diversos setores com o objetivo de compreender e promover a trajetória de pessoas pretas, sobretudo mulheres negras dentro do mercado de trabalho, especialmente em posições de liderança e tomadas de decisão.

Mesmo representando de 54 a 60% nos programas de trainees e estágios, mulheres negras enfrentam um severo “afunilamento” conforme sobem na hierarquia. Além disso, somente 7,4% das empresas definem metas específicas para elevar a presença de mulheres negras em liderança, segundo dados também do Instituto Ethos.
Marcia Silveira, Head de Advocacy e de Diversidade, Equidade e Inclusão do Grupo L’Oréal Brasil, fala sobre a importância de ter cada vez mais mulheres negras em espaços de visibilidade e tomada de decisão: “Acho muito importante que os negócios, as empresas olhem de forma muito específica para essa pluralidade na hora enxergar as circunstâncias e tomar as melhores decisões, pois as mulheres negras podem contribuir muito mais do que se imagina.”
Dados mais recentes do Sebrae (2024) confirmam: das 28,6 milhões de empreendedoras, 4,7 milhões são mulheres negras, compondo a maioria entre as empreendedoras por gênero, por isso o evento ainda contou com a feira de empreendedorismo autoral, onde empreendedoras negras divulgaram desde moda, arte, gastronomia e serviços, para fortalecer a visibilidade e rede de contatos das expositoras.
O evento foi realizado neste mês por estar inserido no Julho das Pretas, em alusão ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho.
Leia também: Projeto de inteligência artificial “Moira” vai realizar mapeamentos genéticos