“Eu sou consumidora de TV, sou telespectadora e não lembro da minha infância de me ver assim, como a gente vai se ver”, diz Thais Pontes, uma das roteiristas de Encantado’s, nova série da Globoplay com estreia marcada para esta sexta-feira (18). A trama é fruto da oficina de humor para roteiristas negros que aconteceu em 2018, na rede Globo, e também conta com roteiro de Renata Andrade.
Na noite da última quarta-feira (16), grande parte do elenco se reuniu para assistir aos dois primeiros episódios da série no Leblon, na zona Sul do Rio de Janeiro. A série traz, pela primeira vez, na história do Globoplay um elenco majoritariamente negro.
“A presença preta na série era um sonho nosso, a gente tinha esse sonho desde o começo. Assim que apresentamos na oficina, a gente queria, mas a gente tinha receio. Não por nós, mas a gente achava assim ‘Poxa, nunca vimos um elenco tão preto’. Então, a gente fez metade do elenco preto e achávamos muita coisa. Quando o Sauir chegou e falou ‘Vamos deixar essa serie preta?’, a gente aceitou imediatamente. Se a gente já queria, agora queremos mais ainda”, conta Renata Andrade.
Encantado’s traz o resgate do samba, misturado com o cotidiano de um dia dia de supermercado. A série não pauta o sofrimento dos personagens negros, mas sim apresenta um enredo cômico com foco na família, na felicidade e na esperança.
“A gente só pensou no que queria ver e no que sempre sonhamos em assistir. Esse elenco a gente sempre dizia que era a nossa certeza, a gente via e falava ‘São eles’. E eu tenho certeza que essa equipe toda é a equipe dos sonhos”, afirma Thais Pontes.
O elenco da série conta com grandes nomes da dramaturgia negra brasileira. A série tem Luís Miranda e Vilma Melo como personagens principais, e também conta com nomes como Digão Ribeiro, Dandara Mariana, Romeu Evaristo, Neusa Borges, que se reuniram marcaram presença no evento, além de Duh Moraes.
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A trama retrata a vida de dois irmãos Olimpia (Vilma Melo) e Eraldo (Luís Miranda) vindos de uma família suburbana do Rio de Janeiro e que têm que lidar com a morte do pai e tocar a gerência de um mesmo local que, durante o dia funciona como um supermercado, e de noite se transforma na escola de samba Joia do Encantado.
“O carnal da Intendente a gente trouxe por isso também, porque a Sapucaí é o lugar do glamur, a Intendente é o lugar da raça, então, eu acho que a nossa série retrata o samba com relação à esperança. Falando do preto, a gente sai do estereótipo da dor, da violência e a gente mostra a família, o companheirismo e esperança”, ressalta Renata Andrade.
Vilma Melo fala sobre a construção da sua personagem para Encantado’s. Segundo a atriz, Olimpia é uma personagem genuína, que tem uma preocupação em salvar o supermercado e a ambição de tornar a loja a maior da cidade.
“O meu jeito de falar é um jeito bem suburbano e eu faço questão de manter essa característica e quando eu fui fazer a personagem, essa era uma característica que eu não precisei maquear em nenhum momento, muito pelo contrário, eu até aflorei um pouco mais. Mas nós somos muitíssimo diferentes, a Olimpia é mais séria, é realmente muito centrada nessa questão empresarial”, explica Vilma.
Para Luís Miranda todo trabalho é uma composição de muitos e tudo começa com o texto que vai ser encenado, com a descoberta dos colegas de trabalho e com a construção conjunta do personagem.
“Com a riqueza de detalhes que esses personagens tem, eu acho que eles precisavam de uma composição que une todo mundo, eu acho que a grande vitória desse nosso elenco é a parceria de amizade. As pessoas de fato se deram muito bem. Eu devo muito isso também a uma parceria que tenho com a minha irmã, que é a Vilma, porque a gente tinha uma coisa para além da comédia, que é a irmandade”, analisa.
Para o Notícia Preta, Luís Miranda destaca que estrelar Encantado’s com o elenco majoritariamente negro traz um impacto muito grande.
“Por muito tempo a gente clamou por isso. Eu acho que as histórias são construídas. A gente não pode esquecer do Milton, a gente não pode esquecer de vários outros que passam esse bastão. A gente não pode esquecer do Lárazo, não pode esquecer da Tais, da Dona Ruth, da Dona Chica, da Dona Léia, da Dona Duh, da Dona Neuza”, elenca Luís Miranda.
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