Uma pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), em parceria com o Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) e o Sebrae, revelou que a maioria dos empreendedores brasileiros são pretos. De acordo com a análise, entre as mulheres, o percentual de negras é 60%, enquanto os homens negros somam 51%. O estudo revelou ainda que 45% dos afroempreendedores decidiram tornar-se empresários em razão do desemprego e demais dificuldades encontradas no mercado de trabalho.
Apesar de serem a maioria, empreendedores negros, como Virgínia Marques, proprietária de uma marca de roupas étnicas, em Belo Horizonte (MG), precisam lidar com a constante desvalorização do trabalho. “As peças que faço tem história e eu pesquiso tudo que faço. Muitas vezes as pessoas que não entendem a dinâmica desvalorizam quando questionam um trabalho autoral, feito por uma pessoa negra, e o valor desse trabalho. Enquanto pagam o dobro, ou mais, em uma peça que é feita em série nas grandes lojas e não questionam”, revela Virgínia.
Outra barreira enfrentada pelos afroempreendedores é o descrédito dos bancos. Segundo o Estudo do Empreendedorismo Negro no Brasil, realizado pelo coletivo Preta Hub, 32% dos empresários negros tiveram solicitação de crédito bancário negada, sem nenhuma alegação.
A estilista baiana Gil Evangelista, que também trabalha com moda afro, acredita que a discriminação dos bancos pode estar relacionada a associação do negro a pobreza. “Eles associam os negros à pobreza, eu convivo com isso diariamente. Já fui barrada em bancos várias vezes por ser empresa, me dirigir ao setor de empresa e eles associarem que o negro não pode ser empresário. É uma coisa com a qual você convive e tem horas que você não sabe como agir. Sofro diariamente com isso, em bancos, em elevadores, em condomínios que já morei. As pessoas associam que o negro está sempre em um lugar menor”, finaliza a estilista.