Um estudante universitário descobriu, por meio de documentos históricos, que o símbolo da suástica nazista era usado como marca de ferrar gado em Santarém, no oeste do Pará. De acordo com a pesquisa, os registros são datados do ano 1938.
O estudo, chamado “Liebold & Cia.: os rastros da suástica na Amazônia”, fez parte do trabalho de conclusão de curso do estudante de história da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), Joanderson Mesquita. A pesquisa teve como guia os autos criminais de furto de gado pertencentes ao Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJ-PA).
Em sua pesquisa, Mesquita descobriu que a firma Liebold & Cia, responsável por marcar o gado com o sinal da suástica, teria como proprietários um brasileiro e um alemão, Artur Johannes Liebold e Pedro da Silva Motta.
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O fato só foi registrado, pois, na época, um morador da região roubou e vendeu uma cabeça de gado marcado. O animal foi abatido e sua carne, vendida. Ao ser investigado, a empresa Liebold & Cia. usou o símbolo da suástica para atestar o pertencimento do animal abatido à companhia, comprovando que a marca era utilizada publicamente para representar a firma.
Além da utilização da suástica, Joanderson constatou que a seção do Partido Nazista do Pará tinha cerca de 27 filiados, divididos entre as cidades de Belém, Santarém, Maracanã, Breves e Prata.
De acordo com a pesquisa da Doutora em História pela USP, Ana Maria Dietrich, o Brasil era o país com o maior grupo de partidários dos 83 países do mundo, fora da Alemanha, com 2.900 integrantes e, sendo o núcleo em São Paulo. “O governo brasileiro teria, durante o período de funcionamento do partido, “fechado os olhos” para as atividades partidárias. […] foi possível ao Partido Nazista funcionar, de 1928 a 1938, oito anos durante a chamada Era Vargas (1930- 1945)”, explica Ana Maria em seu texto.