Esta sexta-feira (28), marca o Dia Mundial da Educação. A data é celebrada há 19 anos por líderes de 164 países, a partir do Fórum Mundial de Educação, ocorrido em 2001, em Dakar, no Senegal, no continente africano.
Entre os países que participaram desse evento, o Brasil está comprometido com o dever de investir no aprimoramento educacional. Você confere nessa reportagem um recorte com o panorama da situação educacional no Brasil e no mundo e as perspectivas para o futuro da educação.
A importância da educação
A educação desperta e potencializa as habilidades do ser humano. Sendo assim, trata-se de um fator ideal de liberdade e exercício da cidadania. Desse modo, o estímulo da aprendizagem promove o conhecimento, a criatividade humana e o respeito mútuo.
A população que recebe educação de qualidade se alimenta melhor, cuida bem da saúde, se insere positivamente no mercado de trabalho que, por sua vez, reduz os índices de pobreza e expande a economia do país.
Em entrevista exclusiva ao Notícia Preta, o sociólogo, doutor em Ciências Socais e professor André Gomes, quando o assunto é educação, os pontos relevantes que a sociedade também deve considerar são as questões recorrentes como a sexualidade e equidade.
“O aluno quer discutir e falar sobre isso”, afirma. Para Gomes, as pautas com as temáticas raciais, de gênero e de equidade são primordiais nos ambientes escolares, nas rodas de conversa das escolas, na formação dos professores e na formação das direções.
“Garante a liberdade e a melhor forma de existir, e até de produzir e construir conhecimento dentro da escola, não só para os alunos”, acredita.
Cenário da educação
Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 58 milhões de crianças com idade para frequentar o ensino fundamental não vão à escola. Porém, entre as frequentam, existem aquelas que não conseguem aprender conteúdos básicos.
Nesse sentido, também estima-se que cerca de 250 milhões de crianças no mundo não atingem o nível mínimo de aprendizagem.
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Remuneração dos educadores
De acordo com a Unesco, para suprir a necessidade educacionais básicas das crianças de ensino primário e secundário, serão necessários cerca de 8,4 bilhões professores em todo o mundo.
Para atrair esse número de profissionais é fundamental a promoção de plano de carreira e salário adequado.
O salário mínimo estabelecido para uma determinada categoria profissional é conhecido como piso salarial, e representa o valor mínimo que um trabalhador dessa categoria deve receber como remuneração.
As prefeituras e governos estaduais financiam o piso salarial. Assim, esses recursos provêm tanto do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), repassado pela União, quanto da arrecadação de impostos.
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Uma lei de 2008, estabeleceu que o aumento do salário mínimo dos professores deve ocorrer anualmente e ser seguido pelos estados e municípios. No entanto, nem sempre esse aumento é cumprido na prática. “O governo deve investir mais no profissional, o piso está comprovadamente defasado”, lamenta André.
Números da educação no Brasil
Segundo o portal Educa IBGE, uma informação relevante acerca da educação é o índice de indivíduos que possuem habilidades de leitura e escrita.
No Brasil, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2019, cerca de 6,6% da população com 15 anos ou mais não possuía tal habilidade. Assim, totalizando aproximadamente 11 milhões de analfabetos.
Mas em comparação com o índice de 2018, que era de 6,8%, houve uma diminuição de 0,2 pontos percentuais na taxa de analfabetismo no país em 2019. Desse modo, resultando em uma redução de pouco mais de 200 mil indivíduos analfabetos.
Observada na Região Nordeste, a maior taxa de analfabetismo (13,9%), apresentou um número aproximadamente quatro vezes maior do que as Regiões Sudeste e Sul (ambas com 3,3%). Já na Região Norte, essa taxa foi de 7,6%, enquanto na Região Centro-Oeste foi de 4,9%.
Nesse sentido, a taxa de analfabetismo para homens com 15 anos ou mais foi de 6,9%, enquanto para as mulheres foi de 6,3%. Entre as pessoas pretas ou pardas, a taxa de analfabetismo foi mais de duas vezes maior (8,9%) do que a observada entre as pessoas brancas (3,6%).
No Brasil, a parcela de pessoas com 25 anos ou mais que finalizaram a educação básica obrigatória, ou seja, que concluíram pelo menos o ensino médio, aumentou de 47,4% em 2018 para 48,8% em 2019.
Além disso, em 2019, 46,6% da população dessa faixa etária possuía níveis de instrução até o ensino fundamental completo ou equivalente. Já 27,4% tinham concluído o ensino médio completo ou equivalente, e 17,4% possuíam ensino superior completo.
Futuro da educação no Brasil
De acordo com o professor André Gomes, o futuro da educação está em um país aberto onde a questão racial, LGBTQIA+ e a equidade tenham reconhecimento de fato. “Que novas narrativas não sejam rejeitadas pela escola. Que o aluno sinta que a forma de existir dele cabe na escola”, destaca.
Para ele, a escola do futuro deve se prolongar para além dela mesma, passando do portão e atravessando a rua. Dessa, forma, convidando o aluno a conhecer o espaço escolar e sua comunidade.
“Um olhar da escola para além dos muros”, acrescenta. O André entende que o acontece fora da escola faz parte da realidade desse aluno. Portanto, propõem que a escola deve reconhecer quais parcerias deve fazer para tratar essas realidades.
O educador evidencia a importância da comunidade escolar participar das decisões das escolas. Ainda, enfatiza que os profissionais sejam bem remunerados e possam se dedicar para melhoria do ambiente escolar com suporte de segurança, assistência social e psicológica: “Que a escola seja uma estrutura, e que outras estruturas façam parte da escola”, conclui.
Segundo ele, as relações comunitárias devem fazer parte da escola e que o Brasil de modo geral tem total possibilidade de fazer isso acontecer. “A escola do Brasil é uma escola que ainda está devendo o reconhecimento de fato desse Brasil”, encerra.