Nesta quinta-feira (21), é comemorado o Dia Internacional da Síndrome de Down, oficialmente reconhecido pelas Nações Unidas desde 2012. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil há cerca de 300 mil pessoas com a trissomia do cromossomo 21, como também é conhecida a condição da Síndrome de Down (SD).
O Notícia Preta conversou com a pedagoga e especialista em educação especial, Andreia Araújo, sobre o assunto. “Precisa que sejam oferecidas oportunidades em diversas áreas para que o SD possa estar inserido na sociedade tais como: Área trabalhista, cultura, educação e etc”, diz a especialista.
No cenário educacional, a inclusão de crianças com Síndrome de Down, que representa cerca de 25% de todos os casos de Deficiência Intelectual no país, segundo a Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, é uma pauta em constante discussão. A especialista fala sobre a necessidade de ter um ambiente inclusivo e respeitoso nas escolas e comunidades.
“Podemos primeiro entender o sentido do amor. Eles precisam ser amados. Partindo disso ser afetivo com eles é algo fundamental para que qualquer ambiente seja bom. Respeitar suas limitações e especificidades, porém oferecer todo tipo de estimulação para que eles possam se desenvolve”, pontua Andreia, que também diz que é necessário dedicação por parte dos profissionais que lidam com os pacientes com Síndrome de Down.
“Gostaria de ver mais comprometimento dos profissionais que realizam atividades terapêuticas com SD . Também acredito que para o suporte e a inclusão do SD ser ainda melhor além das terapias, o profissional de apoio é fundamental para que isso possa de fato acontecer. Gostaria de ver mais ações em políticas públicas para garantir que eles possam ter seus direitos garantidos“.
O Notícia Preta também conversou com a Dona Ana Cláudia Guimarães Leal, mãe da Grazielly, de 16 anos. A mãe, que é merendeira e mora na cidade do Rio de Janeiro, desabafou sobre o despreparo e a falta de inclusão da filha com Síndrome de Down, na escola.
“Pra mim, essa inclusão não existe. Ela se chama exclusão. Por quê? Porque ela não tem apoio na escola. Se ela teve estagiário por um ano, foi muito. E eles precisam de ajuda, né? Apesar da minha filha ser bem esperta, aprendeu a ler fácil, escrever, mas para outras coisas, para algumas matérias, ela precisa de ajuda, precisa de um estagiário. E a escola nunca tem estagiário. Eles só tem para aqueles alunos que são agressivos“, disse ela.
A mãe de Grazielly contou que não soube da condição da filha durante a gravidez, somente quando ela nasceu e disse como se sentiu quando descobriu. “Eu notei no segundo dia dela nascida, eu reparei alguns traços nela. Como eu já trabalhava em escola, eu aprendi a identificar” desabafou.
A certeza veio após a confirmação de sua geneticista. Segundo ela, o amor por sua filha não mudou, mas veio o medo do preconceito da sociedade.
“Talvez por eu já trabalhar em escola e conhecer as crianças especiais, eu não me assustei tanto. Claro que não foi tão fácil como alguns dizem que foi. A gente liga sim, a gente se preocupa, até porque, o mundo aqui fora é bem difícil para eles. A discriminação, a falta de atendimento, a falta de profissional qualificado”, explica.
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