Por Rozana Barroso
Enquanto países avançados investem cada vez mais na educação, o Brasil segue o caminho contrário. Com um projeto cheio de retrocessos e com uma enorme desigualdade agravada pela pandemia, ainda temos um longo caminho de reivindicações por políticas públicas melhores e mais investimentos.
Neste 24 de janeiro, Dia Internacional da Educação, fico pensando no atual projeto para o Brasil e vejo descaso. De acordo com pesquisa do Instituto Unibanco, realizada pelo Datafolha e publicada no site do UOL nesta semana, 43% da amostra da pesquisa (270 pessoas, com 16 anos ou mais) encararam como irreparáveis as perdas da educação na pandemia. Parece que não estou sozinha quando falo que o Governo de Bolsonaro abandonou a educação.
A sensação também é comprovada quando a mesma pesquisa apresenta que 47% dos entrevistados enxergam que a educação perdeu importância na pandemia. Mas é importante reforçar que as maiores perdas foram sentidas na educação pública. Muitos estudantes não tiveram as mesmas condições de materiais, acesso à internet para acompanhar as aulas à distância e até mesmo espaço físico e alimentação adequada nesse período.
Como militante pela educação, acredito que o ensino é uma ferramenta fundamental para reduzir as desigualdades. Por isso, digo: não existem perdas irreparáveis. É possível alterar o curso da história, desde que haja comprometimento do governo, com implementação de políticas públicas que possam mitigar as perdas e impulsionar avanço em pouco tempo.
A opinião “pessimista” de que não há solução é reflexo da falta de direção do Ministério da Educação e do Governo Bolsonaro, que nada apresentou para suprimir perdas e definir prioridades para a geração impactada pela crise sanitária e social. Até os estudantes foram mais responsáveis que os atuais dirigentes do país.
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No início do ano passado, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) lançou uma Nota Técnica, junto com o Centro de Estudos e Memória da Juventude (CEMJ), na qual foram propostas a reorganização do calendário letivo, a reprogramação curricular e estratégias de acesso à educação, mesmo de forma não presencial. A proposta era assegurar o ensino universalizado e democrático mesmo no período mais crítico da pandemia.
Essa nota foi apresentada a diversos secretários de educação de muitos municípios e estados. Também reivindicamos audiências com o Ministério da Educação, mas nunca fomos ouvidos. O MEC nunca abriu qualquer possibilidade de diálogo. Assim, a pasta segue na escuridão e desgovernada.
No Dia Internacional da Educação, temos que nos mobilizar e continuar cobrando do governo um projeto de resgate da educação. Além disso, nós, estudantes, precisamos estar presentes e contribuir para o debate nas eleições deste ano. Precisamos escolher o nosso representante. E para diminuir a desigualdade na educação, é preciso votar em parlamentares e governantes que levem a educação a sério e que a coloquem como prioridade para o desenvolvimento do nosso país.
*Rozana Barroso, ativista da educação e presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas
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