Quase um mês após o desabamento do Lixão Goiás, em Padre Bernardo (GO), a tragédia ambiental segue sem resposta concreta do poder público. Até agora, não há cronograma oficial para a remoção completa dos resíduos nem plano de compensação às famílias afetadas. O colapso do aterro, ocorrido em 18 de junho, despejou toneladas de lixo sobre corpos d’água que abastecem comunidades rurais do entorno do Distrito Federal, afetando diretamente o modo de vida de centenas de famílias negras e trabalhadoras da região.
Segundo a Secretaria de Meio Ambiente de Goiás, o volume despejado no Córrego Santa Bárbara equivale a 16 piscinas olímpicas de lixo, incluindo resíduos hospitalares e metais pesados. A contaminação atingiu também o Rio Maranhão, a mais de 50 km do local, forçando a interrupção do uso da água por moradores e produtores locais. O produtor rural Jeorge Vidal, que criava peixes na região, agora depende de caminhões-pipa para manter os animais vivos. “Era água limpinha. A gente bebia, banhava… agora não pode mais nada”, lamentou em entrevista a TV Globo.

Mesmo operando dentro de uma Área de Proteção Ambiental, o lixão funcionava com base em uma liminar judicial e sem licenciamento ambiental concedido pelo Estado. Fábio Miranda, chefe do ICMBio na região, comparou os danos ao desastre do Césio-137: “Está contaminando solo, lençol freático, raízes da vegetação… Vai levar décadas para reverter”, afirmou.
O governo de Goiás estima que serão necessárias mais de 4 mil viagens de caminhão para remover todo o lixo. A empresa responsável já foi multada em R$ 37,5 milhões e alega estar comprometida com a reparação. No entanto, para as famílias que seguem sem acesso à água potável e sem perspectiva de indenização, a promessa ainda soa vazia.
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