Há pouco mais de um século, a Naspers foi fundada por sul-africanos brancos para produzir um jornal em idioma holandês. Hoje a Naspers é a maior empresa do continente africano e acaba de indicar a primeira mulher e a primeira pessoa negra para a presidência do grupo.
A indicação de Phuthi Mahanyele-Dabengwa para o comando da unidade sul-africana não se opõe apenas à tendência de diretores brancos e do sexo masculino da Naspers. Apenas uma mulher negra está no comando de uma empresa do grupo das 40 maiores listadas na Bolsa de Valores de Joanesburgo, e apenas sete homens não brancos ocupam cargos de presidente nessa lista. A nova unidade da Naspers não será negociada em bolsa, pelo menos no curto prazo, e vai incluir comércio eletrônico, entrega de alimentos, jornais e mídia online.
“Phuthi é qualificada e traz uma boa experiência, além disso, traz um pouco de igualdade de gênero e racial para o mix”, disse Ron Klipin, analista sênior da Cratos Capital. “Também é preciso uma pessoa que possa levar o portfólio da África do Sul adiante e expandi-lo, mudar ainda mais o panorama”.
Mahanyele-Dabengwa, de 48 anos, tem contatos no alto escalão: ela foi CEO da Shanduka Group, uma holding de investimentos controlada por negros e fundada pelo presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa. Ela também faz parte do conselho da Fundação Cyril Ramaphosa. Além disso, Mahanyele-Dabengwa fez parte dos conselhos da operadora de celulares Vodacom Group, da mineradora Gold Fields e da companhia aérea Comair.
“Ela é altamente qualificada e tem bons contatos”, disse Paul Theron, fundador e CEO da gestora de recursos Vestact, com sede em Joanesburgo. Sua formação inclui um diploma em economia da Universidade Rutgers, em Nova Jersey, e um MBA da Universidade De Montfort, no Reino Unido.
A Naspers é uma empresa global de US$ 108 bilhões que investe principalmente em tecnologia. Recentemente, Mahanyele-Dabengwa comandou a Sigma Capital, um grupo de investimentos de capital fechado que foca em negócios para capacitação de pessoas negras, private equity e joint ventures em vários setores, como finanças, imóveis, tecnologia e energia.
Texto publicado por Bloomberg