Na última segunda-feira (5), a Defensoria Pública da União ajuizou uma ação contra a Magazine Luiza e cobra R$ 10 milhões devido o programa de treinee exclusivo para negros. De acordo com o defensor Jovino Bento Júnior, a empresa cometeu racismo e o que ele chamou de “marketing de lacração” e não inclusão social.
Ainda de acordo com a DPU, a ação cobra multa por danos morais coletivos, uma vez que o programa discrimina milhões de trabalhadores brancos e de outras etnias, inviabilizando o acesso ao mercado de trabalho. “Até mesmo os cidadãos negros podem se sentir ofendidos”, afirma a nota da DPU que continua. “A ação levada a efeito pela ré se insere no conceito de marketing de lacração e visa, com isso, ganho político, num primeiro momento, para, em seguida, ampliar seus lucros e sua faixa de mercado em magnitude sem precedentes históricos e representando risco à democracia a médio prazo”.
A DPU alega que não quer discutir a existência do “racismo reverso” e que a inclusão social de negros “é desejável, mas não pode ocorrer às custas do atropelo dos direitos sociais de outros trabalhadores”, afirma a nota.
Posição da empresa
Frederico Trajano, CEO da empresa, defendeu a ideia e ressaltou que a própria empresa diagnosticou o problema internamente. “Nossa experiência mostra que, neste caso, fórmulas já usadas levarão a resultados conhecidos. Ao longo dos últimos anos, o Magalu formou cerca de 250 trainees. Desses, apenas 10 eram negros. Nossos programas simplesmente não conseguiam atrair esses talentos, que, a princípio, nada têm de diferente dos demais senão a cor da pele”, afirmou.
No mês de setembro, a empresa lançou um programa de treinees apenas para pessoas negras e, segundo a Magalu, o objetivo é ”trazer mais diversidade racial para os cargos de liderança da companhia, recrutando universitários e recém-formados de todo Brasil, no início da vida profissional”.
Até o final de setembro, o Ministério Público do Trabalho rejeitou 11 denúncia feitas contra o programa. De acordo com o MPT, a desigualdade de oportunidades vigentes na sociedade brasileira em prejuízo da população negra, como fruto de processo histórico negro escravocrata e sua abolição mítica, justifica e torna válida e legítima a diferenciação baseada na raça.