A COP30, que será realizada em Belém (PA) em novembro de 2025, coloca o Brasil no centro de uma discussão essencial: a relação entre saúde pública e crise climática. A conferência ocorre pela primeira vez na Amazônia, região estratégica para debater como as mudanças ambientais impactam diretamente a vida da população.
Especialistas apontam que doenças ligadas ao consumo de produtos nocivos, como os ultraprocessados, estão conectadas também a danos ambientais. A produção e o descarte desses alimentos aumentam o uso de energia, a emissão de gases de efeito estufa, a perda de biodiversidade, o consumo excessivo de água e a poluição por plásticos. Além de adoecer pessoas, esses produtos pressionam ecossistemas já fragilizados.

Um documento recente, elaborado por organizações de saúde e alimentação, destaca que políticas públicas eficazes são obrigação do Estado, uma vez que o direito à alimentação adequada, à saúde e a um meio ambiente equilibrado está previsto na Constituição Federal. A publicação reforça que a reciclagem, embora necessária, é insuficiente para enfrentar o problema. É preciso regular os ambientes alimentares e reduzir o consumo de ultraprocessados, medida que beneficia tanto a saúde quanto o planeta.
A discussão também envolve a crítica ao chamado greenwashing, quando empresas poluidoras promovem campanhas de marketing que sugerem sustentabilidade, mas sem mudanças reais em seus processos. Multinacionais de bebidas, tabaco e alimentos ultraprocessados são frequentemente apontadas como praticantes dessa estratégia, ao mesmo tempo em que permanecem entre as maiores responsáveis pela poluição plástica e pelo consumo intensivo de recursos naturais.
A integração entre saúde e clima já é reconhecida em tratados internacionais, como a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, que prevê a proteção do meio ambiente e da saúde em toda a cadeia produtiva. Para especialistas, trazer essa agenda de forma central à COP30 será uma oportunidade histórica de avançar em políticas integradas que protejam simultaneamente a população e o planeta.
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