Apesar de usar a ferramenta desde 2018, Fávio Bolsonaro “convoca” os seguidores conteúdo feito pelos aliados do governo
O presidente brasileiro, Jair Messias Bolsonaro, se mostra desconfortável em responder questionamentos dos jornalistas que não são apoiadores, critica abertamente os profissionais e responde com hostilidade àqueles que ousam confrontar suas posições. Assim, desde a sua posse as redes sociais vem sendo a ferramenta oficial de comunicação, no entanto a estratégia do presidente mudou. Nesta segunda-feira (13), o senador Flávio Bolsonaro (RJ), filho do presidente, anunciou a criação da “TV Bolsonaro”.
A “TV Bolsonaro” divulga conteúdo de interesse do governo durante 24 horas por dia, todos os dias da semana. Entre os pronunciamentos, entrevistas e falas do presidente, o projeto pretende unificar o discurso entre apoiadores e fortalecer a imagem do presidente. As mensagens dos seguidores da TV pedem o fim do isolamento social, o fechamento do Congresso seguido de um golpe militar, além de orações e manifestações de apoio.
Em vídeo que chamou de “convocação”, Flávio Bolsonaro pediu às pessoas que baixassem o aplicativo Mano, onde podem assistir ao conteúdo, e afirmou que seria “a garantia de que tudo aquilo que a gente produza, todo nosso conteúdo, vai chegar para 100% de todos vocês que nos seguem.”
“Como muitos de vocês já sabem, o alcance de nossas postagens em redes sociais, como o Facebook, por exemplo, está sendo absurdamente restringido. Eles entregam aquilo que a gente posta para uma parcela muito pequenininha dos nossos seguidores. E para combater isso a gente está agora criando uma plataforma própria, um canal chamado TV Bolsonaro”, afirma Flávio Bolsonaro, em um vídeo compartilhado nas redes sociais. Confira o vídeo na íntegra:
Jair Bolsonaro trava um verdadeiro cabo de guerra com a imprensa brasileira desde as eleições de 2018, por isso elegeu as redes sociais como uma importante plataforma política. Porém, recentemente publicações do presidente foram excluídas de redes sociais como Twitter e Facebook, por conter conteúdo que estariam opostos a políticas das ferramentas, como seguir orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Os vídeos excluídos mostravam o presidente, em passeio pelo Distrito Federal no final do mês de março (29), conversando com um vendedor ambulante e em visita a um supermercado, provocando aglomerações e ignorando recomendações de isolamento.
A “TV Bolsonaro” só funciona por meio de um aplicativo, o Mano, que precisa ser baixado em um telefone celular. O app foi desenvolvido por uma empresa de Rio Bonito (RJ) e reúne canais para transmissões de vídeo online (IPTV). A conta do presidente é de 2018, mas ainda é desconhecida entre boa parte dos brasileiros.
Há alguns dias, 2 de abril, o presidente foi acusado de publicar em suas redes sociais informações falsas, também conhecidas como “fake news” e chegou a se desculpar no Facebook oficial e durante entrevista com José Luiz Datena, apresentador da Band. Bolsonaro publicou um vídeo para criticar os governadores e prefeitos que cumpriam as normas sanitárias recomendada pela OMS para a pandemia do novo coronavírus. Após a descoberta de que a postagem era falsa, o vídeo foi apagado.