Comissão da Câmara aprova projeto que proíbe o casamento homoafetivo no Brasil

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Nesta terça-feira (10) a Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei que tem o objetivo de proibir o casamento entre pessoas do mesmo sexo, no Brasil. A decisão foi tomada com 12 votos a favor e 5 contra a alteração no Código Civil.

Agora, o texto segue para as comissões de Direitos Humanos e de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, para serem analisados, e passará também nos plenários de Câmara e Senado. Mais cedo, antes da votação começar, um grupo de deputados contrários ao PL 5167/09, se retiraram do plenário em protesto às alterações feitas no texto, pouco antes da votação. Mas retornaram para tentarem barrar a aprovação.

De acordo com a deputada federal Erika Hilton, que faz parte da comissão, o regimento da Câmara foi desrespeitado, assim como um acordo estabelecido para a criação de um Grupo de Trabalho, que serviria para orientar a elaboração de um novo Relatório, adiando a votação.

A maior parte da comissão é formada por deputados conservadores/ Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Mas sem o grupo de trabalho, um novo relatório foi apresentado pouco antes de começarem a discussão sobre o PL, com alterações.

Esse novo relatório, no qual a palavra “Homossexualismo” é usada 3 vezes, associando-a ao termo ‘Doença’, usado 5 vezes, intensifica ataques contras as pessoas LGBTQIA+ e proíbe o casamento e até às uniões estáveis entre casais homoafetivos. Até os filhos de casais homoafetivos são atacados nesse relatório, que diz que crianças criadas por homossexuais ‘são privadas do valor pedagógico e socializador da complementariedade natural dos sexos no seio da família‘”, escreveu a deputada, nas redes sociais.

O texto aprovado estabelece que o poder público e a legislação civil não podem interferir nos critérios e requisitos do casamento religioso, e que a interpretação do que é casamento e união estável não poderá admitir “extensões analógicas”.

Decisões e reconhecimento

Desde de 2011, por conta de uma decisão unânime do Supremo Tribunal Federal (STF), o casamento homoafetivo passou a ser permitido no país. Na época, os ministros reconheceram essas relações como entidades familiares.

Após a decisão, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) editou uma resolução em 2013 que obrigava a celebração de casamentos homoafetivos em cartórios. Desde então, o número de casamentos de pessoas do mesmo sexo vem crescendo no Brasil. Só em 2022 foram registrados 13 mil casamentos.

Recentemente, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) emitiu um parecer contrário ao PL 5167/2009, alegando que a proposta é inconstitucional e discriminatória, e viola o direito fundamental à igualdade.

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Bárbara Souza

Bárbara Souza

Formada em Jornalismo em 2021, atualmente trabalha como Editora no jornal Notícia Preta, onde começou como colaboradora voluntária em 2022. Carioca da gema, criada no interior do Rio, acredita em uma comunicação acessível e antirracista.

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