No próximo sábado (07), o cineasta Clementino Junior, fundador do Cineclube Atlântico Negro, lançará seu 25º filme, o curta metragem A Padroeira (2020). A obra autoral será exibida na exposição ‘Every Leaf Is An Eye’, na Suécia. O evento multimídia apresentará trabalhos ligados aos direitos humanos, em especial às questões ambientais.
Ele conta que o tema do filme está vinculado à sua pesquisa no doutorado em educação, em que o campo são os atingidos pela tragédia ocasionada pelo rompimento da barragem controlada pela mineradora Samarco. A narrativa mostra a saga dos fiéis de Paracatu de Baixo, distrito de Mariana (MG), tentando encontrar esperanças após o desastre ambiental que destruiu a região. “A Padroeira retrata a homenagem anual que os ex-moradores fazem à Nossa Senhora Aparecida, em 12 de outubro. A igreja de Santo Antônio é uma das únicas construções restantes nas ruínas deixadas pela lama de rejeitos da Barragem de Fundão. O local ainda mantém as marcas, até o mezanino, da altura que a lama a soterrou. Enquanto aguardam por reparação, os moradores voltam a igreja, pedindo por dias melhores”, explica o cineasta.
O filme é co-realizado pelo Grupo de Estudos em Educação Ambiental desde el sur, da UNIRIO, pelo Laboratório de Educação Ambiental: Arquitetura, Urbanismo, Engenharias e Pesquisa para a Sustentabilidade – UFOP em parceria com o Cineclube Atlântico Negro.
Histórico
Natural do Rio de Janeiro, Clementino atua na indústria cinematográfica desde 1993. Em 2008, idealizou o coletivo Cineclube Atlântico Negro (CAN) com a finalidade de dar visibilidade a narrativas sobre a diáspora africana. A partir daí, a temática racial se tornou uma constante em seus trabalhos. Ele promove cursos a partir do cinema negro e criou o projeto ‘Memória Portátil’ voltado para produções de caráter etnográfico. No final de fevereiro, quando seu curta Tião foi exibido em um evento na Universidade de Harvard (EUA), ele participou de um debate, online, sobre o genocídio da população preta no Brasil.
Sendo o único latino-americano no festival sueco, ele acredita que a sua participação será um momento importante para debates sobre questões de direito à terra e conflitos ambientais, com ativistas de todos os continentes.