Dos 1.300.186 quilombolas do país, 62% moram no campo, e 38%, nas cidades e outras áreas urbanas. IBGE relaciona fato ao histórico de escravização vivido por essa população
Segundo dados do primeiro Censo Quilombola realizado em 2022 e divulgados nesta sexta-feira (09) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mesmo em um país cada vez mais urbanizado, a maioria dos quilombolas ainda vivem em zona rural. O número da população quilombola que vive em nessas regiões chega a 62%, diferente da população indígena que em sua maioria vive em áreas urbanas.
Os pesquisadores apontam que esse dado passa a ser uma nova referência para todos os órgãos públicos que agora vão lidar com essa população e devem direcionar políticas públicas para esse grupo. Fernando Souza Damasco, pesquisador do IBGE revela que o fato era “completamente desconhecido”, isso porque o Censo só começou a perguntar se as pessoas se identificam como quilombolas em 2022. “É importante lembrar que quilombolas são todos aqueles que se autodenominam assim, mesmo que não morem em quilombos”.
Para a pesquisadora Marta de Oliveira Antunes, o número expressivo de quilombolas vivendo na zona rural está diretamente ligado ao histórico da escravização dessa população: “Tem a ver com o histórico da escravização, da ocupação pela escravização e como foi essa resistência organizada ao longo dos séculos”
Quando analisado o gênero desta população, as mulheres são maioria entre os quilombolas urbanos. A cada 92 homens quilombolas em áreas urbanas foram identificadas 100 mulheres quilombolas. Em contrapartida, os homens são maioria na área rural, sendo 105 homens para cada 100 mulheres.
Outros dados da pesquisa:
- A maioria dos quilombolas se concentram na região Nordeste, sendo quase 70%. Os estados da Bahia e do Maranhão têm juntos 50% dos quilombolas do país.
- Quase ⅓ dos quilombolas do Brasil estão na Amazônia Legal.
- 87% da população quilombola não vive em territórios oficialmente delimitados.
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