A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG), primeira parlamentar indígena eleita em Minas Gerais, foi vítima de ataques racistas em um restaurante na cidade Ouro Preto, no ultimo sábado (4).
De acordo com a assessoria da parlamentar, o caso aconteceu assim que ela entrou no estabelecimento, acompanhada das assessoras Sateré Mawé e Werymehe Pataxó, também indígenas. Elas foram alvo de comentários afensivos.
Após cumprir agenda de compromissos na cidade, Célia Xakriabá as assessoras participariam de uma confraternização no local. Quando as mulheres chegaram, ouviram alguns homens perguntando se “índios” (palavra pejorativa para se referir às pessoas indígenas) frequentavam restaurantes.
“Índio agora vem em restaurante? Olha como os índios estão hoje aí”, falaram eles.
A assessoria da deputada informou que o B.O foi registrado no dia mesmo do ocorrido. A Policia Militar confirmou a ocorrência em uma nota enviada ao jornal Estado De Minas
“A Polícia Militar na noite de ontem, 04 de março, por volta de 22h30min, foi acionada a comparecer em um restaurante, no Centro de Ouro Preto/MG, e registrou uma ocorrência envolvendo autoridade política” diz a nota.
Nas redes sociais, a deputada se pronunciou sobre o caso.
“Indígenas vão, fazem e são o que eles quiserem, inclusive deputadas federais. Não aceitaremos mais comportamentos racistas, comentários racistas. Isso é crime e as pessoas precisam ser responsabilizadas”, escreveu.
Céclia enfatizou que “Enfrentar o racismo com coragem é buscar também conscientizar toda a sociedade. É crime e precisa parar! Racistas não passarão! A luta continua sempre!”.
Célia Xakriabá afirmou que”racistas não passarão”. Foto: Reprodução
Conforme os relatos das assessoras, os homens tentaram convencer os policiais que não tinham cometido racismo.
“Eles tentaram justificar mais uma vez com mentiras, com falácias, dizendo que aquilo não teria sido racismo, e sim apenas uma apresentação do que era os indígenas do Brasil, mas com palavras totalmente pejorativas”.
De acordo com a deputada, após as ofensas racistas, os homens pediram “escolta policial” pois se sentiram “ameaçados”.
Um dos envolvidos relatou ter feito comentários com o acompanhante, um turista francês, sobre a admiração em relação as mulheres indígenas que entraram no estabelecimento. Ele ainda alegou que a deputada reagiu de maneira violenta.
A polícia ouviu pessoas que estavam no estabelecimento, porém ninguém testemunhou o caso. Por essa razão, foram registradas as versões das duas partes. O Registro de Evento de Defesa Social foi encaminhado para investigação da Delegacia de Policia Civil .
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