Carolina Alcântara, a DJ Carola, criada na periferia de Porto Alegre, estreia no palco Perry’s do Lollapalooza Brasil, no próximo domingo (26), das 14h30 às 15h15. Mulher, preta, LGBTQIAP+ e de origem periférica, ela foi a primeira mulher primeira brasileira negra a tocar no Tomorrowland (maior festival de música eletrônica do mundo).
Quando a adolescente da periferia de Porto Alegre, aos 14 anos, Carola se encantou pelo universo da dance music e pensou: “sim, é isso o que eu quero fazer da minha vida!”. Foram três anos trabalhando
como promoter de raves, até se lançar como DJ.
Segundo ela, já enfrentou olhares tortos e desconfianças de todos os lados, mas seguiu em frente, sabendo que tinha nascido para aquilo. Se agarrou às primeiras (e parcas) oportunidades, e investiu em conhecimento artístico e de gestão de carreira e ganhou notoriedade em 2020, quando lançou as primeiras músicas de sucesso.
Em pouco tempo, Carola ganhava suporte de ninguém menos que David Guetta, que descobriu seu som com Kohen, “FKGO”, e o tocou em seu radioshow. Daí se tornou a primeira mulher do planeta a ter uma faixa lançada pela STMPD RCRDS, do holandês Martin Garrix (“What They Want”, uma collab com Gabzy).
Com o retorno dos eventos, alcançou o radar de instituições como Rock in Rio, Lollapalooza, Ushuaïa e Tomorrowland, onde realizou, no último ano, o grande sonho que nutria há uma década: tocar no mágico festival belga, que reúne, ano a ano, centenas de artistas dos mais variados estilos da eletrônica — ainda assim, Carola foi a primeira brasileira negra a constar no lineup.
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Em paralelo, a DJ gaúcha assinou contratos com Entourage (agência de bookings do mercado brasileiro) e Armada Music, gravadora de outro cânone da música eletrônica: Armin van Buuren. Por lá, emplacou sucessos como “Come With Me” (que ultrapassou cinco milhões de plays no Spotify e rendeu convite para uma masterclass), “Luchadora”, que resultou em seu primeiro videoclipe, e “Time Away”, com Dynamic.
Assim, temos aqui uma daquelas trajetórias que parecem até clichê nos roteiros de cinema. Porque mesmo sem nenhum modelo, dinheiro e incentivo, Carola driblou todas as desconfianças, se determinou a desbravar caminhos tortuosos e realizou sonhos que pareciam impossíveis — mostrando a outras meninas como ela que, sim, elas também podem chegar no topo da música eletrônica.