A atividade foi promovida pela vice-presidente da Comissão Permanente de Defesa dos Direitos Humanos, a vereadora Monica Cunha
A Câmara Municipal do Rio, promoveu pela primeira vez, nesta segunda-feira (11), o “Café das Fortes” que reúne mães e familiares de vítimas do genocídio para trocas de experiências, acolhimento e empoderamento das famílias. A atividade idealizada pelo Movimento Moleque foi realizada pela Comissão Permanente de Defesa dos Direitos Humanos, representada vice-presidente, a vereadora Monica Cunha (Psol).
Mães de vítimas foram ouvidas sobre o racismo estrutural e institucional no Rio de Janeiro em representação aos movimentos de familiares de vítimas de todo o país. A vereadora Monica, que perdeu seu filho Rafael em 2006, se emocionou ao abrir o evento.
“Independente do lugar que foi ou há quanto tempo foi, a dor é igual para todas nós. Estamos aqui em um ato de memória, unidas para nos fortalecermos, mas também em protesto para dizer que não vamos mais aceitar a morte dos nossos e o Estado precisa se responsabilizar e parar de matar”, afirmou a vereadora.
A região metropolitana do Rio de Janeiro registrou ao menos 601 crianças e adolescentes baleados nos últimos sete anos. Desse total, 286 foram atingidos em ações policiais — o que representa 47,5%. Os dados fazem parte de um levantamento do Instituto Fogo Cruzado divulgado.
Entre os familiares, estavam os parentes de Thiago Flausino, de 13 anos, assassinado por policiais no dia 7 de agosto, e também de outros mortos em crimes passados, como Sayonara Fátima, avó de Kathlen Romeu, que foi morta ao ser baleada por tiro de fuzil no peito enquanto visitava a avó. Fotos e cartazes pedindo por justiça e avanço nas investigações também marcaram o encontro.
“Até quando vai continuar? Teve antes do Thiago e já teve depois. Espero que os casos possam andar. A única coisa que a gente que é mãe quer é justiça. Eu me considerava uma pessoa muito feliz e não pedi pra estar nesse lugar. Essa será uma dor eterna“, Priscila, mãe de Thiago.
Jorge Roberto Penha, pai de uma das cinco vítimas da Chacina de Costa Barros, afirmou que só haverá motivos para comemorar os Direitos Humanos quando uma criança puder andar livremente pelas ruas e favelas da cidade. “Quando todos tiverem direito à vida, a educação e a saúde, poderemos celebrar esse dia”, disse.
Os coletivos de mães e familiares que participaram da atividade foram: o Mães de Manguinhos (RJ), Mães do Jacarezinho (RJ), Mães da Maré (RJ), Rede de Mães e Familiares da Baixada Fluminense (RJ), Movimento Moleque (RJ), Mães sem Fronteiras, Rede de Mães e Familiares da Maré, a Casa de resistência lésbica da Maré e o Movimento “Cadê o Amarildo?”.
“Meu irmão morreu em 2017, mas agora há pouco tempo, um outro irmão foi assassinado pela polícia. Eles nos pararam em uma blitz e os PMs fizeram uma foto dele e jogaram no grupo do zap. Pouco tempo depois, levaram meu irmão. Horas depois, encontrei seu corpo com um tiro no peito“, afirmou uma familiar que não quis se identificar.
A deputada estadual Dani Monteiro, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj e a advogada Monica Alexandre, presidente da Associação Carioca dos Advogados Trabalhistas (ACAT) estiveram presentes no evento.
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