A peça “Cama de gato”, escrita por Max Mendes e dirigida por Marcio Vieira, aborda temas inquietantes e abre espaço para um debate mais amplo sobre transfobia. O espetáculo fará uma breve circulação, com apresentações gratuitas, por bairros do Rio de Janeiro.
A exemplo da brincadeira feita com barbantes, “Cama de gato”, tece uma trama que envolve três amigos, garotos de programa, que moram num condomínio em Copacabana. Com a chegada de uma misteriosa trans, hostilidade e discriminação se tornam evidentes, mesmo sendo eles gays, revelando a vulnerabilidade de pessoas transexuais e travestis dentro da comunidade LGBTQIAPN+.
“O machismo é pesado. É ele que pesa na nossa sociedade patriarcal. Mostrar a um público diverso que a ‘cultura do macho’ também está presente na comunidade LGBTQIA+ escancara o quanto esse horror a tudo que se aproxima do feminino é nocivo. Quando um gay que conserva padrões hetero normativos demonstra repulsa a um gay afeminado, o machismo é a raiz dessa ambiguidade”, pontua Max.
“Quando pessoas trans são discriminadas dentro da comunidade que deveria abraçá-las, o machismo está presente. E o machismo é um mal que deve ser discutido, refletido e calado por todes. Se toda população abrir os olhos para os padrões patriarcais que estão impregnados na nossa maneira de pensar, agir e viver, construiremos uma sociedade igualitária, na qual ‘o macho’ não será mais o centro de tudo. A diferença será respeitada, inclusive entre seus iguais”, acrescenta.
Para o diretor Márcio Vieira, trazer esse assunto à tona é fundamental. “A principal proposta, acredito eu, dos produtores, do autor, minha e do elenco, seria desmistificar através da arte esse conceito tão negativo, às vezes, marginalizado de um tema ainda pouco falado e, até mesmo, entendido por muitos”, analisa.
Quem interpreta a trans Lois Lane é a atriz Ava Simões, Miss Trans Star Internacional 2019, Miss Brasil Gay 2009 e cirurgiã dentista, que já fez participações em programas de TV, como “Amor e sexo” e da novela “Toma lá, dá cá”, da Rede Globo de Televisão.
No Cinema, participou do curta-metragem “Meu preço”, de Fabrício Santiago, dirigido por Hsu Chien. Sua história já foi contada no documentário “Minha Vida – Ava Simões”, dirigido por Marcone Felix.
“Estou honrada em emprestar meu corpo para essa grande mulher. Está sendo um desafio iniciar minha carreira no teatro falando de amor e das dores de uma mulher trans apaixonada. Em muitos momentos, dói ouvir o que a personagem escuta do seu amado e do mundo a sua volta. Eu escolho ser tão forte como Lois Lane é”, conta.
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O espetáculo será apresentado em quatro arenas cariocas por bairros do subúrbio do Rio. “O caminho comum das produções teatrais no Rio de Janeiro é começar pela Zona Sul/Centro da cidade e depois fazer um pouco de ‘democratização de acesso’ nas demais regiões. Nós também começamos assim”, ressalta Max.
“Em 2017, foi esse o nosso percurso. Mas entendemos que a sociedade é a cultura. Portanto estão juntos em todos os lugares. Por isso a decisão de circular com o espetáculo CAMA DE GATO por todo o Rio de janeiro”, completa.
Democratizar e popularizar cada vez mais a cultura e a arte. “Além do prazer de estarmos podendo fazer esse projeto, estamos na torcida para que as Lonas entrem nessa com a gente e divulguem para que a comunidade ao seu redor e adjacências estejam presentes nas apresentações”, conclui Márcio.
Apresentações:
14/4, às 19h – Arena Carioca Jovelina Pérola Negra
19/4, às 19h30 – Areninha Carioca Gilberto Gil
21/4, às 17h30 e às 19:30- Arena Carioca Fernando Torres – Madureira
09/5, às 20h – Areninha Carioca Renato Russo
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