“Continuaremos buscando respostas: quem mandou matar Marielle e por quê?”, diz Instituto Marielle Franco

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O Instituto Marielle Franco (IMF) se manifestou em nota após o ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de matar a vereadora, delatar Domingos Brazão como um dos mandantes do crime. Apesar da delação vir a público na imprensa nesta terça-feira (23), em furo de reportagem do Jornal The Intercept Brasil, o IMF pede justiça e que o processo respeite os trâmites legais.

“Não aceitaremos que o caso seja simplificado e interpretado apenas como objeto de disputas e interesses pessoais ou de grupos políticos”, diz trecho da nota do Instituto, que também explicita que ainda não há versão oficial da delação: “Aguardamos que a delação traga avanços, mas destacamos que até agora não houve atualizações oficiais, e a validade depende da homologação pelo Superior Tribunal de Justiça”.

Domingos Brazão atualmente é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), por isso o acordo de delação de Ronnie Lessa precisará ser homologado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), pois Brazão tem foro privilegiado. A ministra da Igualdade Racial Anielle Franco, irmã da vereadora assassinada em 2018, diz que a família não descansará enquanto não houver justiça.

“A nossa família aguarda os comunicados e resultados oficiais das investigações e está ciente do comprometimento das autoridades para a resolução do caso. A resposta sobre esse crime – quem mandou matar Marielle e Anderson e o porquê – é um dever do Estado brasileiro”, disse a ministra.

Membro da Executiva do PSOL Carioca , Derê Gomes informou pela sua conta do X (antigo Twitter) o posicionamento do partido que destacou.

“Hoje (23/01), a mídia revelou que o acordo de delação premiada de Ronnie Lessa indicou um dos mandantes do crime. E o fato do acordo precisar ser homologado pelo STJ indica que se trata de alguém com foro privilegiado. Isso demonstra a fragilidade da nossa democracia e o quanto grupos criminosos estão enraizados no Estado”, diz a nota do Psol.

Derê Gomes também disse que não se surpreende a informação de que o mandante, informado pelo The Intercept Brasil, seja uma pessoa ligada a políticos tradicionais de ideologia de extrema-direita do Rio de Janeiro.

“Não me surpreende nenhum pouco a relação espúria entre políticos da direita com os suspeitos. Esses políticos fizeram carreira elogiando a milícia, condecorando milicianos, até empregando pessoas com fortes indícios de relação com a milícia em seus gabinetes. Inclusive essa é a maior diferença da milícia para os demais setores do crime organizado, sua relação com o Estado, com o poder. A milícia elege seus representantes no Parlamento e no Executivo, no Rio e em Brasília”, pontua.

Ele lembra também que existe uma preocupação muito grande com a segurança dos ativistas progressistas desde o assassinato de Marielle e Anderson Gomes, reforçando que corpos negros, de mulheres e LGBTIA+ ainda são muito vulneráveis.

“O Brasil é um dos países que mais mata defensores de direitos humanos no mundo. Precisamos avançar em uma política efetiva de defesa desse novo perfil de ativistas e militantes que têm se destacado, a política não é mais espaço exclusivo de uma classe média privilegiada que tem recursos e condições materiais de se proteger, que tem sobrenome importante, que vem de família com visibilidade, temos uma série de figuras periféricas emergindo, assim como Marielle emergiu, e precisamos defender essas figuras”, analisa.

“Agora, a responsabilidade não é só dos movimentos sociais e partidos, é um dever do Estado brasileiro. Marielle, por exemplo, era uma Vereadora eleita, a 5° mais votada da Cidade, defender sua vida e seu mandato era um dever do Estado, uma tarefa democrática”, finaliza Derê Gomes.

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