Segundo levantamento feito pelo Instituto Natura em parceria com o Observatório de Oncologia do Movimento Todos Juntos contra o Câncer, apenas 23,7% da população-alvo (mulheres entre 50 e 69 anos) realizam mamografias no Brasil. O que não chega nem perto do percentual recomendado pela Organização Mundial da Saúde, OMS.
A organização recomenda que a taxa mínima de cobertura seja de 70%, e que a realização da mamografia seja feita a cada dois anos por mulheres que estão entre 50 e 69 anos. O câncer de mama é o tipo mais comum de câncer entre as mulheres globalmente. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2022 19.130 mulheres brasileiras morreram da doença. A estimativa é que por ano, 73.610 novos casos de câncer de mama são registrados no país.

Foto: reprodução
A principal forma de combater o câncer de mama é a descoberta precoce da doença. A detecção aumenta as chances de cura, porém a possibilidade de rastrear e realizar exames periódicos não é acessado de forma igualitária para a população. A pesquisa revelou que mulheres pretas e pardas tiveram um diagnóstico mais tardio, comparado a mulheres brancas, sendo 44% a 36%, respectivamente.
Além disso, o estudo mostra que somente 0,1% das mulheres indígenas realizaram o exame de mamografia de rastreamento no SUS entre 2023 e 2024. A porcentagem de mulheres amarelas foi de 11,5%. A maioria das mamografias foram feitas por mulheres brancas com 46,8%. Mulheres negras realizaram 41,7%. A mamografia de rastreamento é feita quando ainda não há sintomas.
Entre 2015 e 2024, quase 500 mil novos casos de câncer de mama foram registrados no SUS. Quando analisada a faixa etária, o maior número de casos foram em mulheres de 30 a 49 anos, com 31,4%. Em seguida, mulheres de 50 a 59 anos, com 26,5%. Mulheres com 60 a 69 anos, foi de 24,9%. Para mulheres acima de 69 anos foi 15% e para mulheres abaixo de 30 anos, foram 2,2% dos casos.
O câncer de mama também pode acometer os homens, mas os casos são raros, representando menos de 1% dos diagnósticos.
Quando começar fazer o exame
Segundo o Ministério da Saúde, a realização do exame deve ser feita a cada dois anos para mulheres entre 50 e 69 anos, ou em qualquer idade para casos com histórico familiar. Mulheres e homens com sinais ou sintomas têm direito ao exame pelo SUS a partir da puberdade.
Algumas instituições, como a FEBRASGO, a Sociedade Brasileira de Mastologia – SMB e o Colégio Brasileiro de Radiologia – CBR, recomendam que mulheres de 40 a 49 anos façam mamografias anualmente, mesmo se não apresentar sintomas.
Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, o câncer de mama quando detectado precocemente tem maiores chances de curam, entre 90% e 95%. Em países com 70% de cobertura, a mortalidade caiu cerca de 35%.
Demora no tratamento
A legislação estabelece que o prazo máximo para o diagnóstico do câncer de mama é de 30 dias e para iniciar o tratamento de 60 dias. Em 2023, o tempo médio de espera para iniciar o tratamento chegou a 214 dias, 154 além do permitido por lei.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que investimentos para melhorar o diagnóstico e o tratamento realizado pelo SUS estão sendo feitos:
“(…) Desde 2023, a pasta ampliou em 48% os recursos destinados à assistência oncológica no SUS, com foco na expansão da oferta de serviços e na qualificação do atendimento. Foram R$ 7,5 bilhões investidos em 2024, frente a R$ 5,1 bilhões em 2022. No mesmo período, R$ 80 milhões foram destinados à habilitação de novos serviços de diagnóstico e tratamento. Em 2024, o Ministério da Saúde destinou R$ 16,1 milhões para a aquisição de 14 novos mamógrafos em todo o país.
A oncologia é uma das áreas prioritárias do Agora Tem Especialistas para ampliar o acesso à assistência especializada e reduzir tempo de espera por consultas, exames e cirurgias no SUS. O programa, do Ministério da Saúde, prevê consolidar o cuidado oncológico no SUS como a maior rede pública de prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer do mundo. Até 2026, serão adquiridos mais 121 aceleradores lineares. O programa também prevê 150 carretas equipadas para a realização de consultas e exames, incluindo a mamografia, para atender regiões de vazios assistenciais. Outra frente importante é o Super Centro Brasil de Diagnóstico de Câncer, lançado na última sexta-feira (24), que terá capacidade para realizar mais da metade dos exames necessários no país por meio de telessaude. O investimento federal será de aproximadamente R$ 126 milhões”.
Quais são os sintomas do câncer de mama
Segundo o INCA, alguns dos sintomas do câncer de mama são:
- presença de um nódulo endurecido na mama, geralmente fixo e indolor.
- pele da mama avermelhada ou com aspecto de casca de laranja
- alteração no mamilo, como retração ou saída de secreção espontânea
- pequenos nódulos no pescoço ou nas axilas
O INCA também recomenda que as mulheres toquem em suas mamas e realizem o auto exame sempre que se sentirem confortáveis. O autoexame é uma forma de perceber as diferenças que podem existir na mama e procurar ajuda profissional. É importante destacar que o autoexame não substitui a mamografia.
Leia também: Estresse crônico e discriminação racial podem aumentar metástase do câncer de mama em mulheres negras, aponta estudo