A Escola Brasileira de Audiovisual escolheu cinco argumentos de alunos da Baixada Fluminense para virarem curtas. A inciativa faz parte das atividades realizadas dentro projeto Cinema Leva Eu, uma parceria da EBAV com o Instituto Zeca Pagodinho, que teve início em março de 2022 e está na segunda edição.
Segundo a direção da Escola, a ideia principal do Cinema Leva Eu não é só promover arte e conhecimento, mas sim gerar uma cadeia de produção com profissionais qualificados que além de produzir cultura, transformam essa produção em geração de renda.
Sérgio Assis, produtor e fundador da Escola, lembra que as sinopses escolhidas têm capacidade para informar, entreter e emocionar o Brasil e o mundo, contribuindo também para a preservação da memória de suas comunidades.
“É uma turma que reforça ainda mais o potencial criativo da Baixada Fluminense, reforçando a certeza que estamos no caminho certo de todo o investimento realizado pela EBAV. São pessoas incríveis com histórias cativantes. O que mais me surpreendeu foi a alegria e a vontade de todos, sem exceção, em participarem do curso, buscando capacitação para atuarem e viverem do audiovisual. Isso me deixou extremamente contente”, comenta Sérgio.
“Nossa principal missão é fazer com que os alunos façam do audiovisual sua principal fonte de renda, seu trabalho. Por isso, uma das melhores coisas que aconteceram foi cada um descobrir a potência que tinha e a força das suas histórias pessoais. Quando eles descobriram o poder de apontar a câmera pra si e pras suas realidades, descobriram a riqueza que tinham em suas mãos. Dar luz a essas histórias é fundamental”, conta André da Costa Pinto, Coordenador Pedagógico do projeto.
“E agora estamos entrando em outra fase: as inscrições pros festivais de cinema dos alunos da primeira turma, mostrando para mais pessoas o trabalho de cada um. O primeiro deles é o EncontrArte, um festival da Baixada Fluminense”, acrescenta.
Das trinta sinopses mostradas na aula de Pitching, cinco foram escolhidas. O aluno Bruno Santiago trouxe “Pé de Cabra”, que conta a história da cabra de seu Chico que ganhou fama por fazer milagres em Xerém, mas que há um mistério em torno de sua verdadeira natureza; enquanto Vitória Dias com “Quem faz o Rio” mostra o cotidiano de Belford Roxo.
Já a sinopse de Felipe Coelho com “Dandara” traz a história de uma defensora pública que precisa escolher entre defender um jovem acusado de furtar um celular ou se calar diante de “juízes” e raivosos; Gabriel Sabatini com “A barbearia nas periferias” traz a percepção de um jovem de Vila Canaã sobre a sedução da barbearia em um cenário de vivência que flerta com o crime e com as drogas; e por fim, João Vittor Pedroza com a sua ficção “Carnaval Caos”, que conta a história de uma instigante jornada em busca da coragem dentro de si próprio.
“A maior parte dos nossos alunos já são do meio audiovisual, mas com esse curso foi a oportunidade que tiveram de estudar com mais afinco essa área que é tão diversa e cara também. Temos preciosidades em nossas mãos com histórias riquíssimas, que vão desde a ficção até mesmo à realidade de fugir da tentação de entrar no mundo do tráfico e ser salvo por abrir seu próprio negócio, como é o caso do Gabriel Sabatini, que abriu sua barbearia e resolveu contar sua história e de seus amigos”, conta André.
Leia também: Teatro Espanca abre inscrições para exibição no Cinema de Fachada, em BH
“Sem contar também da nossa aluna Vitória, que sempre foi fotógrafa e ouvia que fotografar pobre era feio, mas em nossas aulas descobriu que era um preconceito. Por isso, apontou a câmera para si e criou uma linda sinopse sobre a realidade de sua comunidade como moradora de Belford Roxo”, conclui.
Além de formar a segunda turma do Cinema Leva Eu, Sérgio conta que tem ainda a chamada pública do 1° Festival de Cinema da Baixada Fluminense, que vai acontecer em julho no Instituto Zeca Pagodinho, homenageando a atriz Regina Casé, que receberá o troféu Pagodinho de Ouro, além da produção do longa-metragem “Jesus Black” com participação de atores e técnicos consagrados do mercado audiovisual em união aos alunos das duas primeiras turmas do curso. Sérgio pretende ainda levar o projeto para outras comunidades do grande Rio.