O terreiro de Pai Marcelo, em Dias D’Ávila, região metropolitana de Salvador (BA), foi invadido dez vezes em oito anos. Em entrevista ao fantástico, o Babalorixá Marcelo afirmou que acredita que a casa tenha sido perseguida, e narrou experiência negativa de ter sua casa de santo invadia, roubada e violada.
“Dez assaltos é você entrar num furacão. Fomos perseguidos. Eles não tinham mais nada para assaltar, mas eles arrombavam janela, quebravam. Todas as janelas foram trocadas do terreiro. Portas, se botava uma porta hoje, eles quebravam sete dias depois. E você entrava em pânico”, disse o Babalorixá.
O Disque 100, canal do governo que recebe denuncias de violações de Direitos Humanos, registrou um aumento de 64,5% de denúncias de intolerância religiosa e 80,7% de violações de 2022 a 2023. Se considerar 2018, houve um aumento de 140,3% de denúncias de intolerância religiosa em 5 anos. Em 2018 foram 615 denúncias, e em 2023 foram 1.418.
As violações aumentaram 240,3% no período, de 624 violações para 2.124. O Pai Marcelo contou, na entrevista, detalhes da invasão.
“Eles também arrombaram, que é a casa de Xangô, onde eles botaram as imagens ao chão. Nós não temos a riqueza material. Temos a riqueza espiritual, a riqueza que fortalece a ancestralidade. Aqui está envolvido o amor, muito amor, muita dedicação”, afirmou o pai Marcelo.
O Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que as religiões de matriz africana possuem mais de um milhão de praticantes no Brasil, e está entre as cinco religiões com mais adeptos. Os católicos ainda são maioria, com 123 milhões de praticantes, e o evangélicos estão em segundo lugar com 113 milhões. O Censo permitia resposta múltiplas.
Devido as invasões no terreiro, o Babalorixá, registrou quatro queixas, porém ele afirma que não houve avanços nas investigações, e então decidiu instalar câmeras de segurança no barracão.
“Quando a gente vai registrar uma queixa, eles não querem botar no laudo, na ocorrência, intolerância religiosa. É um assalto? Uma casa foi invadida dez vezes, eles não querem entender que isso é intolerância”, afirma Marcelo.
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