Com a crescente onda de intolerâncias de várias formas, seja religiosa, regional ou étnica, o número de casos de racismo têm aumentado significativamente, principalmente nas redes sociais. De acordo com a Central Nacional de Crimes Cibernéticos*, no ano de 2017 foram 12,2 mil casos e, em 2018, os registros tiveram um salto para 16,6 mil notificações, um aumento de 36% nas denúncias.
Ataques virtuais como o ocorrido com a Miss Brasil 2017, a piauiense e negra, Monalysa Alcântara. Um internauta escreveu “Credo! A Miss Piauí tem cara de empregadinha, cara comum, não tem perfil de miss, não era pra tá aí, sorry”.
A jornalista Luciana Barreto desenvolveu sua tese de mestrado no Cefet-Rio em torno do tema “Discursos de ódio contra negros nas redes sociais” e enfatiza que “o hater precisa ‘derrotar’ a vítima, (…) só que não dá pra ‘converter’ o negro em uma pessoa branca. Desta forma, o racismo seria a expressão mais extremada do ódio. Não há tentativa de conversão, mas de eliminação”, afirmou. Luciana ainda relata que há um acirramento dos conflitos raciais. “Não estamos olhando para o risco que corremos quando esses discursos de ódio circulam pelas redes sem um antídoto, sem um contradiscurso. Sugiro que pensemos juntos soluções efetivas de combate ao ódio contra negros”, informou.
De acordo com o advogado especializado em crimes raciais e presidente da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da OAB MG, Gilberto Silva Pereira, a estrutura do racismo é muito forte e veio mais fortalecida ainda com os discursos políticos de ódio. “Os casos na internet têm aumentado pelo fato de ser aparentemente mais difícil localizar o agressor”, relatou. Ele acrescentou ainda que “os negros são vítimas, sentem na pele as ofensas”, finalizou.
*Disponível no link https://www.safernet.org.br/site/institucional/projetos/cnd