A presença de mais atores negros compondo o elenco das novelas da TV Globo, principalmente em lugares de protagonismo, tem sido motivo de comemoração nas redes sociais, tanto por parte do público quanto de atores, atrizes e profissionais do meio. Desde a estreia de “Amor Perfeito”, a emissora apresenta para o público as três telenovelas da casa com protagonistas negros.
Há pouco tempo era a atriz Lucy Alves em “Travessia”, Sheron Menezes em “Vai na Fé” e Diogo Almeida na novela das seis. Com o final da trama de Glória Perez e a estreia da novela “Terra e Paixão”, a atriz Barbara Reis recebeu a missão de protagonizar o projeto, e assim, a emissora continuou com o protagonismo de artistas negros em seus projetos.
Nas redes sociais a atriz Taís Araujo celebrou o momento. Ela que é a primeira atriz negra a estrelar uma novela da Globo em “Da Cor do Pecado”, e também a primeira a interpretar uma protagonista negra no horário nobre em “Viver a Vida”, comentou uma publicação da atriz Juliana Alves que também havia comemorado a conquista.
“Dentro de cada história tem um elenco incrível e diverso nos representando. Ah, que alegria viver esse momento!”, escreveu Taís. Anteriormente, Juliana – que integra o elenco de “Amor Perfeito” – mencionou em seu post que isso é consequência das reinvindicações da população negra. “Uma conquista fruto de uma luta grande dos movimentos negros pelo reconhecimento da realidade do nosso país e valorização dos nossos talentos”, disse.
Para o ator Orlando Caldeira, que faz parte do elenco da novela “Vai na Fé, a teledramaturgia brasileira está vivendo um momento histórico, que ele também acredita estar fundamentado no histórico de luta da população negra.
“Eu acho que isso é fruto de uma luta que vem de muitos anos, desde o Teatro Experimental do Negro com Abdias do Nascimento até os movimento das redes sociais e a discussão que a gente tem promovido. Isso é um caminho sem volta, e eu tenho certeza que todo esse protagonismo vai surtir um efeito extremamente positivo no nosso país“, explicou.
Para o roteirista e dramaturgo Adalberto Neto, esse momento representa um ganho enorme para a população, diante a falta de representatividade vista ao longo do tempo.
“Durante muitos anos, quase a minha vida inteira, as janelas midiáticas que retratavam o nosso país – seja por meio da televisão, cinema, ou por meio das capas das grandes revistas – a gente via um Brasil do qual a gente não fazia parte. E ai eu falo não só de pessoas pretas, mas também indígenas, pessoas com deficiência, idosos, pobres, pessoas gordas e da comunidade LGBTQIAPN+“, afirma.
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O roteirista conclui garantindo estar muito feliz que crianças que fazem parte de grupos que foram excluídos do protagonismo, por exemplo, cresçam com outras referências já que para ele, o impacto desse novo momento é transformador. “As pessoas vão ver que tudo que as fizeram acreditar ser um problema, na verdade só faz parte de um conjunto de riquezas do que ela é”.