Atlas da Violência registra alta de homicídios de pessoas negras entre 2020 e 2021

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Os dados do Atlas da Violência 2023 foram divulgados no início do mês, com base em dados do Ministério da Saúde, referentes ao ano de 2021. O documento aponta que dos 36.922 homicídios registrados em 2021, a maioria é de pessoas negras, que são as maiores vítimas de mortes violentas no Brasil.

A população negra chegou aos 77,1% dos mortos naquele ano. Ou seja, para cada 100 mil habitantes, foram 31 homicídios. Na esfera nacional, a chance de uma pessoa negra ser vítima letal, aumentou entre 2019 e 2021. Também foi registrado um aumento de violência contra mulheres, indígenas e população LGBTQIA+.

Casos de homicídio contra os grupos minoritários cresceram no período analisado / Foto: Pexels

Se é verdade que a taxa de homicídios tem caído no Brasil a partir de 2018 para cá, o que acontece é que neste últimos anos houve um recrudescimento importante da violência contra determinados grupos sociais, em particular contra negros, mulheres e indígenas”, conta o coordenador da pesquisa e técnico do Ipea Daniel Ricardo de Castro Cerqueira.

A violência letal contra a população indígena, segundo os especialistas, aumentou de 18,3 homicídios por 100 mil indígenas em 2019 para 18,8 em 2020, e 19,2 em 2021. Enquanto a taxa de homicídios gerais no país caiu em 2020 e 2021, a taxa referente a indígenas aumentou. Os Estados com as maiores taxas foram Rio Grande do Norte e Roraima.

Já no caso da população LGBTQIAPN+, os casos de violência de todos os tipos, contra homossexuais e bissexuais aumentaram no período 2020-2021. Contra o primeiro grupo, o aumento foi de 14,6%, e contra o segundo, o aumento foi de 50,3%.

Dentre o público LGBTQIAPN+, o estudo aponta que o recorte racial reforça o perigo. Pessoas negras são 55,3% das vítimas homossexuais e 52,2% das bissexuais. 

Com relação a pessoas trans e travestis, a violência física aumentou 9,5% e a psicológica, 20,4%. Neste caso, as mulheres trans negras representam 58% dos casos de violência, e homens trans negros concentram 56%. Já travestis negras totalizam 65% do total de violências cometidas contra o grupo.

O relatório mostra que os crimes contra mulheres subiram 0,3% entre 2020 e 2021.

A variação, mesmo que pequena, se dá em um contexto de crescimento da violência letal contra mulheres desde 2019. A taxa de homicídios de mulheres atingiu seu pico em 2017, quando chegou a 4,7 mortes por 100 mil mulheres. Em 2018, caiu para 4,3 e, em 2019, para 3,5. Desde 2020, tem se mantido a tendência de ligeiro aumento: nesse ano, a taxa foi de 3,6 por 100 mil mulheres, passando para 3,56 em 2021”, diz o documento.

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Bárbara Souza

Bárbara Souza

Formada em Jornalismo em 2021, atualmente trabalha como Editora no jornal Notícia Preta, onde começou como colaboradora voluntária em 2022. Carioca da gema, criada no interior do Rio, acredita em uma comunicação acessível e antirracista.

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