Este ano, o Maior São João do Mundo, em Campina Grande, Paraíba, completa sua 42ª edição. Entre muito forró, bandeirinhas e quadrilhas, marcas de casa de apostas vem disputando a atenção. A inserção dessas plataformas se apresentam como patrocinadoras, estandes interativos e camarote nos eventos. Isso não aguça apenas curiosidade ou entretenimento, mas acende um sinal de alerta para riscos sociais e de saúde pública.
Segundo dados do ICL Notícias, as “bets” crescem no Brasil de forma preocupante, com gastos que já correspondem a cerca de 2 % da renda média dos brasileiros. A preocupação não se limita ao volume financeiro: é também sobre o impacto que este hábito tem na vida de famílias, pois muitos gastam mais em apostas do que em itens essenciais, gerando problemas familiares e de endividamento.
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Um levantamento da Agência Pública, mostrou que durante a festa, a Bet 7K tem estande próprio, jogos, camarote e ações de cadastro para ganhar brindes como copos e chapéus, além de outdoors pela cidade.
A Agência Pública procurou a Prefeitura de Campina Grande, a Arte Produções (empresa organizadora do evento) e a casa de apostas Bet 7K para solicitar esclarecimentos sobre os valores envolvidos no patrocínio do São João. No entanto, até o fechamento desta matéria, nenhuma das instituições respondeu aos questionamentos.
A ausência de transparência por parte dos responsáveis levanta dúvidas sobre os critérios adotados para firmar parcerias comerciais em um evento cultural financiado com recursos públicos e destinado majoritariamente à população de baixa renda.
Perfil do apostador: quem estão nessas contas?
Há uma certa escassez de de informações específicas, mas segundo dados divulgados pela Gamebras:
- Classe socioeconômica: muitos apostadores são da classe C ou D, com renda mensal entre R$ 2.000,00 e R$ 5.000,00;
- Raça/etnia: não há dados oficiais exatos quanto a cor/raça, mas considerando o perfil das classes C e D no Nordeste, é plausível que a maioria seja negra ou parda.
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