A pesquisa da campanha “Cadê Nossa Boneca?”, divulgada neste mês pela organização social Avante, aponta a falta de representatividade nos brinquedos brasileiros. A cada 100 modelos de bonecas produzidos pela indústria brasileira de brinquedos, apenas 6 representam pessoas negras.
Para a psicóloga Lívia Marques, autora do livro ‘Dandara e Vovó Cenira – a descoberta de si e da Ancestralidade’ explica que a representatividade nos brinquedos é importante para a formação de crianças negras: “Em contato com brinquedos que a representam, a criança se vê naquela boneca, brinquedo ou personagem, de uma forma que ela vai entender que também pode ser desejada. Que também pode ser alguém com quem outras crianças vão querer brincar“.
Entre 2016 e 2020 o total de bonecos negros fabricados pelas indústrias nacionais, que já era baixo, diminuiu ainda mais, passando de 7% para 6%. Ainda de acordo com a pesquisa, entre as empresas fabricantes analisadas, apenas oito possuíam bonecas negras em seus inventários.
A falta dessa construção representativa na infância pode refletir na vida adulta, conforme explica Lívia Marques: “Quando uma criança, por exemplo, pega uma boneca, ela brinca de ser mãe, e oferece amor a uma boneca que não é parecida com ela. Uma boneca que é padrão para os outros, mas não para ela. O mesmo acontece com os super heróis. É importante que nossas crianças sejam vistas como pessoas com possibilidade de terem poderes e sonhos“, conta a psicóloga.
Entendendo as mudanças do mercado, algumas marcas tem demonstrado maior preocupação em oferecer bonecos negros.
É o caso da Mattel, com alguns itens da Barbie Fashionistas, e da Brinquedos Estrela, que já tem versões negras na linha Berçário, Meu Bebê e Nenezinho. Agora a Estrela lança o Bebê Surpresa com variações na cor da pele e uma edição especial negra do Falcon, a Expedição na Montanha Olhos de Águia.
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