Criado para ser um suporte e um ponto de apoio aos estudantes, o perfil do Instagram @incentivo_lp, da Escola Municipal Leopoldo Miranda, no bairro Santo Antônio, zona sul de BH, foi alvejado por insultos racistas na última segunda feira (25). Segundo informações de uma das administradoras, Tereza Raquel, um perfil comentou algumas falas racistas e ela, por ser administradora do perfil, rebateu com perguntas e que, em determinado momento, ele falou que foi chamado de branquelo e que, segundo ele, era racismo.
Logo depois, ainda segundo Tereza, ele começou a ofender a administradora. “Eu realmente fiquei em choque, inicialmente eu fiquei em choque pelas coisas que ele disse sobre o Ryan Rodrigues, o menino que sofreu racismo primeiro. Eu mandei nos comentários algumas perguntas verdadeiras para ele tipo, se ele realmente acreditava que os pretos e os brancos possuem as mesmas oportunidades hoje em dia. E também perguntei se ele estava se sentindo ofendido por ter sido chamado de branquelo, aí ele disse que isso era racismo”, afirmou.
Ainda de acordo com Tereza, quando uma amiga dela comentou o post, dizendo que não era pra ela discutir movimentos negros com uma pessoa branca, ele criou um outro perfil fake e continuou com os insultos racistas. “Falou coisas absurdas. Eu já tinha sofrido bastante, fiz a denúncia, mas, assim, ainda não tinha recebido, um ataque especialmente para mim”, lamentou a administradora que completou. “Hoje acordei me deparando com uma mensagem que dizia que o meu cabelo era feio, que parecia o Bombril que ele usa em casa e com um ‘cala a boca negra’. Foi terrível”.
Autoestima abalada
Não é novidade que os modelos eurocentrados são considerados padrões estéticos no Brasil, mesmo sendo um dos países mais miscigenados do mundo. Os crimes de racismo e esta esteriotipação dos corpos negros fazem com que muitas pessoas sintam vergonha da sua pele, do seu cabelo e foi o que aconteceu com Tereza. Ainda segundo ela, em um momento ela se sentiu violada pelas palavras que recebeu. “Por uns segundos eu senti que tudo que eu já tinha conquistado na minha vida, em relação à minha auto aceitação e ao meu corpo, e a tudo que envolve a minha negritude, tinham ido por água abaixo. Mas aí eu tive muita força dos meus amigos e não deixei que isso me desanimasse, fui mais a fundo, acredito que já descobrimos quem é o garoto por trás dos fakes e agora eu apenas espero poder fazer o máximo para colocar esse agressor racista na cadeia”, enfatizou.
Ameaças
Além de ter ofendido racialmente as duas mulheres, o perfil ainda fez ameaças contra alunos da escola, dizendo para que eles rezassem todos que haveria um massacre assim que as aulas voltassem. “mexeram com o psicopata errado. Quero que isso fique salvo na memória de todos vocês”, disse o comentário.
O caso foi denunciado no disk 100 e, segundo Tereza, o boletim de ocorrência será feito na terça feira (26) com todos os envolvidos presentes.