Um levantamento realizado pelo Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) revela que 86% dos adolescentes, com idades entre 14 e 17 anos, resgatados de trabalho análogo à escravidão se autodeclaram negros.
Somente em 2023, 29 adolescentes foram resgatados e, desses 41% tinham o ensino fundamental completo no momento do resgate. Ao todo, o GEFM contabilizou 1.016 adolescentes resgatados desde 1995. 379 tinham menos de 16 anos e 637 com idades entre 16 e 18 anos.
O auditor fiscal Maurício Krepsky, que lidera a Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae) reflete sobre as condições e formas de trabalho que esses adolescentes eram submetidos.
“A maioria dos trabalhos executados por crianças a adolescentes resgatados de trabalho escravo não são sequer permitidos ou se enquadram nas piores formas de trabalho infantil”, afirma.
Números do ano
Entre os meses de janeiro a abril deste ano, 702 crianças foram resgatadas em situação de trabalho infantil. Os dados foram apresentados na última segunda-feira (12), em Brasília, data que marca o Dia Mundial e Nacional contra o Trabalho Infantil.
Desse total, a Auditoria Fiscal do Trabalho do MTE constatou que 100 (14%) eram crianças com até 13 anos de idade; 189 (27%) tinham 14 e 15 anos e 413 (59%) eram adolescentes de 16 e 17 anos. Na análise por gênero, 140 (20%) eram meninas e 562 (80%), meninos.
Outro levantamento, dessa vez realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), mostra que Pelo menos 168 milhões de crianças são vítimas de trabalho infantil, de acordo com a estimativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
Também a Organização Internacional do Trabalho denuncia que mais de 20 em cada 100 crianças entram no mercado de trabalho por volta dos 15 anos.