O adolescente gaúcho Roque Júnior Tavares (16) ganhou uma bolsa de estudos em Gastronomia na Fundação Pão dos Pobres e poderá deixar o trabalho de reciclagem de lixo. Roque teve de abandonar os estudos para ajudar a mãe a sustentar a família que vive em Porto Alegre (RS).
Ele precisava manter a renda de R$ 150 por semana, que ela conseguira antes. Nely, de 44 anos, conta que teve infecção pulmonar e adquiriu uma bactéria no dedo em decorrência do trabalho no “lixão”, sendo proibida, por orientação médica, de mexer em lixo desde então. “É um trabalho duro, duro, trabalho de dor todo o dia. Dor no corpo, dor na alma de trabalhar na reciclagem”, comenta Roque. Mas agora, além do curso de gastronomia, ele voltará aos estudos e cursará o 6º ano do ensino fundamental. Seu sonho é ser chef de cozinha e trabalhar em seu próprio restaurante.
A realidade de Roque reflete a vida de mais de 8 mil pessoas que vivem na região das ilhas onde ele mora, segundo os dados do IBGE do censo de 2010. Estas famílias vivem com meio salário mínimo ou até menos de R$ 246 por mês. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho, atualmente, mais de 15 milhões de pessoas em todo o mundo – ou seja, cerca de 1% da humanidade – trabalham com a coleta, triagem e reciclagem de resíduos gerados pelas cidades.
Leia também: Em relatório, Comissão Interamericana de Direitos Humanos denuncia violência contra jovens negros no Brasil
No Dia Mundial dos Catadores e das Catadoras de Materiais Recicláveis, deste ano (01/03/20210) *Elisiane Santos, Sofia Vilela e Thaís Dumêt Faria afirmaram que “os catadores e catadoras realizam um trabalho essencial à vida e ao desenvolvimento sustentável do planeta. (…) O trabalho também gera impacto na redução de emissão de gases no meio ambiente, e renda para milhares de famílias, com desenvolvimento sustentável para o país”. A despeito desta contribuição, no entanto, catadores e catadoras ainda sofrem com condições precárias de trabalho e sua profissão ainda não é legalmente reconhecida.