A aceleradora Be.Labs realizou um estudo chamado “Perfil das Mulheres Empreendedoras do Nordeste”, lançado na última segunda-feira (24). A pesquisa inédita revelou que 64,4% das mulheres ouvidas são negras, e 68,1% das entrevistadas pretas e pardas são chefes de família, enquanto que as empreendedoras brancas precisam cumprir essa função em apenas 26,4% dos casos.
A pesquisa ouviu 600 mulheres representantes dos estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco, Bahia e Alagoas, entre setembro e outubro de 2022, nas áreas de comércio, serviços e produção. O estudo também mostrou que 78% das empreendedoras nordestinas buscam independência financeira com negócio próprio, e a maioria empreende por necessidade.
A partir do dados coletados, o estudo demonstra as desigualdades de gênero estruturais, que se refletem no campo do empreendedorismo, já que além de donas de seus próprios negócios, essas mulheres também precisam coordenar os estudo, a família e a vida pessoal. Cerca de 33,16% encontram dificuldades em conciliar tudo.
A fundadora da Be.Labs, Marcela Fujiy, afirma que o relatório revela números que não são encontrados com facilidade, e que as particularidades referentes ao empreendedorismo feminino, passam pelas dificuldades de ser mulher.
“A maior dor do empreendedorismo feminino é ser mulher. Muitas de nós acabam sendo engolidas pelo mar de responsabilidades e tarefas relacionadas principalmente à sua vida doméstica e familiar, e não recebem o apoio necessário para seguir com suas realizações pessoais e profissionais”, diz Marcela Fujiy, que completa explicando os objetivos da aceleradora com o estudo.
“O que queremos propor com este levantamento é o resgate dessas mulheres por meio da valorização de seus talentos, do perfil empreendedor e, principalmente, da sua importância na economia”, afirma.
A pesquisa também demonstra a desigualdade racial, mesmo entre as mulheres. Além de serem as que mais chefiam e sustentam suas famílias, as mulheres negras são maioria entre as que recebem menos de um salário mínimo (81,75%) e também são as que possuem mais dívidas (71,4%), em comparação com mulheres brancas (23,7%).
Leia também: Estudo revela que pessoas negras são mais afetadas por desemprego durante crises econômicas