Donas, trio formado por negras da periferia, conta ter sido humilhado por equipe da funkeira Lexa

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Donas, trio formado por negras da periferia, conta ter sido humilhado por equipe da funkeira Lexa

O convite foi recebido com enorme entusiasmo, afinal, subir no palco da maior Parada do Orgulho LGBT do país não é para qualquer pessoa. O Donas – trio formado pelas cariocas Karol, Ana Santiago e Lañor – se juntou às artistas Mel C(ex-Spice Girls), Fantine (do Rouge), ao cantor Brunelli e à funkeira Lexa em um dos 18 trios elétricos do gigantesco evento, ocorrido no último domingo (23) na Avenida Paulista, em São Paulo. Mas o que tinha contornos de sonho logo ganhou corpo de pesadelo.Uma discussão no camarim entre o Donas e a equipe de Lexa saiu do tom da festa. Em entrevista ao Notícia Preta, Lañor explicou o ocorrido.

“A produção do evento disse que iríamos dividir o camarim com outras duas artistas: Fantine e Lexa. Só que, na hora, o produtor da Lexa mandou mensagem para o nosso empresário, Jun Júnior, dizendo que o camarim era exclusivo da Lexa e mandando a gente se retirar. Como tínhamos combinado com a produção do evento que o camarim era compartilhado, nos recusamos a sair, e aí começou a confusão”, relata a integrante do Donas.

Donas, trio formado por negras da periferia, diz ter sido humilhado por equipe de Lexa

Segundo Lañor, Lexa presenciou toda a confusão, e só depois se levantou para por “Panos quentes”. A funkeira interveio a favor do Donas e pediu calma. No entanto, as coisas pioraram em seguida.

“Depois, a Lexa subiu para fazer o show dela, e, nesse meio tempo, vazou no Léo Dias que havia tido uma confusão no camarim. Quando acabou o show, ela desceu com a equipe, e a mãe dela veio querendo gravar stories pro Instagram com a gente, e a gente se recusou. Aí a mãe dela começou a xingar a gente de lixo, falando que a gente ia continuar no mesmo buraco e coisas do tipo. Sendo que antes, quando ela chegou, ela falou assim: ‘Quem são essas aí?’. Em nenhum momento veio falar com a gente. Nos tratou como se fôssemos ninguém. “, relembra Lañor.

Três mulheres negras, da periferia do Rio de Janeiro. É difícil imaginar que teria acontecido se fossem três mulheres brancas de classe média. Lañor não descarta o viés racial para justificar as ações da equipe de Lexa, mas enxerga além.

“A Lexa sabe que o problema é com o rapaz da equipe dela (produtor) e continua do lado dele, dizendo que foi a gente que causou a confusão. Achei falta de sororidade, porque o problema todo era com um homem, e não com ela. Não é e nem vai ser com ela! A equipe agiu com total desdém, total falta de respeito. A sororidade não gritou, sabe? Três negras, começando, periféricas… É algo a se pensar”, encerrou.

Em seu Instagram, a funkeira Lexa postou um texto defendendo sua equipe e afirmou que o Donas estava “querendo mídia”.

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