Um jovem de 15 anos foi incluído em um grupo de WhatsApp por colegas da escola onde estuda, na cidade de Valinhos (SP), onde os integrantes se autodenominam “Neonazistas do Porto”. O adolescente foi expostos a ameaças que incluíam diversos xingamentos racistas, dentre os quais uma das mensagens que dizia: “Espero que você morra *** negro”.
A mãe do adolescente relata ter reportado a situação ao colégio mas que, até o momento, a resposta da escola é a de que não irá se posicionar sob a justificativa de que os ataques não ocorreram no espaço físico da instituição e, sim, nas redes sociais. Trechos das mensagens incluem falas racistas e xenófobas como uma defesa pela “reescravização do Nordeste” e o desejo de que “esses nordestinos morram de sede”.
Depois da resposta da escola o jovem permanece com medo, como contou a mãe dele ao Notícia Preta. “E o meu filho questionou né, disse que ele sente medo de estudar com uma criança que se posiciona ostensivamente, como uma criança que flerta com o nazismo”, contou a mãe do jovem que também é advogada. “Não foi ofensa de apenas um aluno, mas um grupo de alunos, que fizeram postagem se remetendo a Hitler e bem violentas em relação a pessoas do nordeste”, relatou ainda a mãe à equipe do Notícia Preta.
A mãe do jovem tem outra filha, também negra, de 13 anos, que estuda na mesma escola. Ela registrou, junto aos filhos, nesta segunda-feira (31), um Boletim de Ocorrência por ato infracional de injúria. Na ocorrência, um outro ataque com os dizeres “quero a sua mãe, aquela negrinha” também é descrito.
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A advogada ainda relata que não é a primeira vez que os filhos são atacados de maneiras racistas na cidade, sendo esta a terceira escola em que eles estudam. “Eu já tinha tirado eles de outras duas escolas por questões relacionadas ao racismo e a falta de cuidado das escolas em relação ao tema”.
A mãe ainda conta que os filhos já haviam relatado outros episódios de racismo relacionados aos cabelos deles e a classe social. “Questionando porque crianças pretas tinham condição de frequentar aquela escola, com motorista, questionando como que eles moravam na casa em que moram, como se eles não tivessem o direito de ter a classe social que eles tem”, explicita a advogada.
A mãe ainda conta que os ataques se estendem à filha mais nova: “Minha filha também foi chamada de escrava na escola e já teve inúmeros problemas com o cabelo, críticas sobre o cabelo dela. O que faz com que ela use trança há mais de três anos sem nenhum tipo de descanso”.
Um grupo de amigos e alunos da cidade estão se organizando para se manifestarem para que a escola garanta a proteção a todas as crianças da instituição contra o racismo. Além de combater efetivamente as situações classistas, nazistas e xenofóbicas relatadas.
Em nota a escola informou que “repudia qualquer ação e ou comentários racistas contra quaisquer pessoas. Os atos de injúria racial não são justificados em nenhum contexto”. Em seguida o texto ainda diz:
“Considerando que a construção de uma sociedade livre, justa e igualitária pressupõe o respeito à diversidade e as liberdades, o Colégio não admite nenhum tipo de hostilização, perseguição, preconceito e discriminação. Vale lembrar que em todos os campus do Colégio são realizadas palestras, orientações educacionais e projetos sobre a diversidade de opinião, de raça e gênero para alunos e comunidade escolar”, registrou a nota.
O caso também é investigado pela Polícia Civil de São Paulo.
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