Estudante negro é ameaçado e sofre ataques racistas em grupo de escola em Valinhos (SP)

WhatsApp-Image-2022-11-01-at-10.26.59-2-e1667313025720.jpeg

Um jovem de 15 anos foi incluído em um grupo de WhatsApp por colegas da escola onde estuda, na cidade de Valinhos (SP), onde os integrantes se autodenominam “Neonazistas do Porto”. O adolescente foi expostos a ameaças que incluíam diversos xingamentos racistas, dentre os quais uma das mensagens que dizia: “Espero que você morra *** negro”.

A mãe do adolescente relata ter reportado a situação ao colégio mas que, até o momento, a resposta da escola é a de que não irá se posicionar sob a justificativa de que os ataques não ocorreram no espaço físico da instituição e, sim, nas redes sociais. Trechos das mensagens incluem falas racistas e xenófobas como uma defesa pela “reescravização do Nordeste” e o desejo de que “esses nordestinos morram de sede”.

ataques-racistas
Prints feitos pela família escondem os números e identidades dos estudantes, o mesmo foi reforçado pelo Notícia Preta devido a idade dos envolvidos / Reprodução Redes Sociais

Depois da resposta da escola o jovem permanece com medo, como contou a mãe dele ao Notícia Preta. “E o meu filho questionou né, disse que ele sente medo de estudar com uma criança que se posiciona ostensivamente, como uma criança que flerta com o nazismo”, contou a mãe do jovem que também é advogada. “Não foi ofensa de apenas um aluno, mas um grupo de alunos, que fizeram postagem se remetendo a Hitler e bem violentas em relação a pessoas do nordeste”, relatou ainda a mãe à equipe do Notícia Preta.

Ameaças foram divulgadas pela mãe das vítimas que também comunicou o caso a polícia / Foto: Reprodução Redes Sociais

A mãe do jovem tem outra filha, também negra, de 13 anos, que estuda na mesma escola. Ela registrou, junto aos filhos, nesta segunda-feira (31), um Boletim de Ocorrência por ato infracional de injúria. Na ocorrência, um outro ataque com os dizeres “quero a sua mãe, aquela negrinha” também é descrito.

Leia também: Eddy Júnior lança o EP “Meus Contos” falando sobre racismo e superação

A advogada ainda relata que não é a primeira vez que os filhos são atacados de maneiras racistas na cidade, sendo esta a terceira escola em que eles estudam. “Eu já tinha tirado eles de outras duas escolas por questões relacionadas ao racismo e a falta de cuidado das escolas em relação ao tema”.

“Racismo é crime!” afirmou a mãe ao divulgar o caso / Foto: Reprodução Redes Sociais

A mãe ainda conta que os filhos já haviam relatado outros episódios de racismo relacionados aos cabelos deles e a classe social. “Questionando porque crianças pretas tinham condição de frequentar aquela escola, com motorista, questionando como que eles moravam na casa em que moram, como se eles não tivessem o direito de ter a classe social que eles tem”, explicita a advogada.

A mãe ainda conta que os ataques se estendem à filha mais nova: “Minha filha também foi chamada de escrava na escola e já teve inúmeros problemas com o cabelo, críticas sobre o cabelo dela. O que faz com que ela use trança há mais de três anos sem nenhum tipo de descanso”.

Um grupo de amigos e alunos da cidade estão se organizando para se manifestarem para que a escola garanta a proteção a todas as crianças da instituição contra o racismo. Além de combater efetivamente as situações classistas, nazistas e xenofóbicas relatadas. 

Em nota a escola informou que “repudia qualquer ação e ou comentários racistas contra quaisquer pessoas. Os atos de injúria racial não são justificados em nenhum contexto”. Em seguida o texto ainda diz: 

“Considerando que a construção de uma sociedade livre, justa e igualitária pressupõe o respeito à diversidade e as liberdades, o Colégio não admite nenhum tipo de hostilização, perseguição, preconceito e discriminação. Vale lembrar que em todos os campus do Colégio são realizadas palestras, orientações educacionais e projetos sobre a diversidade de opinião, de raça e gênero para alunos e comunidade escolar”, registrou a nota.

O caso também é investigado pela Polícia Civil de São Paulo.

0 Replies to “Estudante negro é ameaçado e sofre ataques racistas em grupo de escola em Valinhos (SP)”

Deixe uma resposta

scroll to top