Somente neste sábado (16), o artista baiano Roque Boa Morte apresenta a exposição “Figas, mãos ancestrais”, mergulhando em busca da atualização do significado do amuleto em mãos afro-atlânticas. Ao todo, serão apresentadas 10 figas ao público, sendo uma inédita.
O projeto do artista baiano possui 16 obras, todas elas retratam figuras humanas de afrodescendentes, pertencentes a iniciados das religiões de matriz africana, que contribuíram com suas joias sagradas, conhecimentos sobre o amuleto e mão esquerda para caracterização da Figa do seu Orixá.
“A Figa da diáspora é feita com a mão esquerda e foi um dos únicos objetos trazidos pelos escravizados escondido nas reentrâncias do corpo, no cabelo, na boca e até na costura das suas precárias vestimentas. Poucos conhecem estas informações, pois são escassas as produções de cunho ontológico e visual dedicadas a figa na Améfrica. Este ícone, que nasce no Mediterrâneo como Mano Fico em contexto europeu, atravessa a África e chega ao Brasil ganhando muitas outras camadas de significados não registrados até os dias de hoje. Esse é o meu trabalho”, explica.
A curadora e gestora cultural baiana atuante no México, Juci Reis, comenta a sua experiência com as obras: “Os gestos captados possibilitam uma observância para ir além da representação, insinuando a transposição de potências, a materialização do sentido ritual da figa. Cada imagem é uma mediação litúrgica, um lugar para sentir, então: sinta! Se permita sentir a imagem!”, comenta.
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O processo de produção das imagens, que contou com pesquisa da tradição oral e fontes bibliográficas, documentado em audiovisual e registros escritos, teve a colaboração de integrantes de duas grandes casas de Candomblé Ketu, uma do Recôncavo, Ilê Axé Ojú Onirê, em Santo Amaro da Purificação onde o fotógrafo nasceu, e outro de Salvador, Ilé Íyá Omi Áse Ìyámase (Gantois), onde o autor reside; sendo o produto destas incursões objeto de pretensas publicações futuras.
A exposição estará disponível no Laboratório Experimental Rato Branko, rua Joaquim Silva, 71, Centro, Rio de Janeiro, a partir das 16h.