Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) revelaram que 13 das 30 cidades mais violentas do país estão na Amazônia Legal. A violência na Amazônia, território composto no Brasil na parte Ocidental pelos estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima, na parte Oriental, pelos estados do Pará, Maranhão, Amapá, Tocantins e Mato Grosso apresentaram taxa de violência letal na região é 38% superior à média brasileira.
De acordo com os dados do FBSP, no ano de 2021, enquanto todas as demais regiões do país apresentaram queda, mesmo que tímida, do registro de mortes violentas a área composta por estados que integram a Amazônia Legal segue na contramão do resto do país com crescimento de 7,9% da taxa de Mortes Violentas Intencionais. Nas cidades com população urbana com mais de 50 mil habitantes a violência letal na Amazônia é 47,9% superior à média nacional em relação a municípios com essa mesma população.
“A violência da Amazônia é uma realidade que sequestra a liberdade da população e a torna refém de mercadores do caos. O medo, como muitos estudos já demonstraram, é um importante cabo eleitoral de grupos que exploram a boa-fé da população e dependem das ilegalidades para movimentar a economia do crime”, observam Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança e Renato Sérgio de Lima diretor-presidente do FBSP.
Os pesquisadores observam, entretanto, que as realidades locais no Brasil devem ser observadas com cuidado. Dentre as cidades com índices mais altos de violência, de acordo com o relatório estão: Jacareacanga (PA), Santa Luzia D’Oeste (RO), São Felipe D’Oeste (RO), Floresta do Araguaia (PA), Aripuanã (MT), Japurá (AM), Cumaru do Norte (PA), Glória D’Oeste (MT), Senador José Porfírio (PA), Junco do Maranhão (MA), Anapu (PA), Novo Progresso (PA) e Bannach (PA).
Destas, 11 são cidades rurais, com pequenas populações que sofrem com a violência letal há pelo menos três anos seguidos (2019-2021), quando os índices do relatório foram calculados. Jacareacanga, no Pará, tem uma taxa é o segundo município mais violento do país atrás apenas de São João do Jaguaribe, no Ceará.
Para Aiala Couto professor da Universidade Estadual do Pará e associado do Fórum Brasileiro de Segurança Pública “é possível ver um aumento da violência na Amazônia, sobretudo considerando as mortes violentas intencionais, diretamente relacionadas aos processos que se conectam aos mais variados tipos de crimes, com destaque para a relação entre o tráfico de drogas e os crimes ambientais, bem como o crescimento de facções do crime organizado na região”. O professor observa que na zona rural as mortes violentas estão majoritariamente relacionadas aos conflitos ligados a disputas e exploração das terras e nas áreas urbanas a presença do tráfico de drogas.
Um dos casos mais recentes, de repercussão, foi a morte do indígena Guarani Kaiowá Vítor Fernandes, de 42 anos, morto por policiais militares na última sexta-feira (24). Ao menos 2 mil pessoas participaram do velório e do enterro, segundo lideranças Guarani Kaiowá ouvidas pela agência Amazônia Real. A mobilização pela retomada do território, ocupada por uma fazenda, continua nesta terça-feira (28/06), com cerca de mil pessoas presentes no local. O clima na área é descrito como “tenso” pela Agência.
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