O mundo milionário, e maioritariamente branco, dos cantores sertanejos está tão abalado que até o cantor Gusttavo Lima ameaçou ‘jogar a toalha’. Toda essa agitação no ramo começou após um comentário do cantor Zé Neto referente à uma tatuagem íntima de Anitta e à Lei Rouanet. Ele disse não depender da Lei e que seus ganhos eram realizados por meio dos ingressos em shows lotados. “A gente não precisa fazer tatuagem no toba (sic) para mostrar se está bem ou não. A gente simplesmente vem aqui e canta“, disse.
A reação virou debate sobre verbas públicas para sertanejos e os internautas começaram a ‘investigar’ quanto cobravam os sertanejos e quem os contratavam.
O fenômeno do ‘Sertanejo Universitário’ começou na capital do estado de Mato Grosso do Sul e Campo Grande e a maioria dos cantores são pessoas não-negras. O Sertanejo Universitário se popularizou no início dos anos 2000, muito devido ao movimento feito por filhos de fazendeiros e agrônomos que traziam a cultura rural para a capital. Do mesmo modo que chegavam para estudar, aos poucos, conquistavam sua turma com o gênero sertanejo, segundo informações do Movimento Country.
Repercussão no mundo dos sertanejos
Com a repercussão e exposição de cachês altíssimos pagos por órgãos públicos, Zé Neto voltou atrás e chegou a se desculpar:
“Acho que a gente é livre para escolher o que quiser, cada um tem o seu ponto de vista, tem gente que está do lado de cá e está vendo como funciona, que vão me apoiar. Cada um tem seu posicionamento e independentemente disso, a gente está aqui representando música“.
Mas os internautas ‘investigativos’ seguiram suas buscas e trouxeram outros dados contratuais milionários de outros cantores do ramo previstos para o semestre em pagamentos diretos por prefeituras.
Gusttavo Lima jogando a toalha
Após o MPRR (Ministério Público do Estado de Roraima) abrir uma investigação sobre a contratação do cantor Gustavo Limma na cidade de São Luiz (RR), com cachê fixado em R$ 800 mil e um contrato de R$ 1,2 milhão ser cancelado pela prefeitura de Conceição do Mato Dentro (MG) o cantor usou suas redes sociais para desabafar.
Gusttavo ainda é alvo de uma terceira investigação, desta vez em Magé, no Rio de Janeiro. A prefeitura chegou a contratar o cantor na última quarta-feira (25) para se apresentar no aniversário da cidade. O valor do cachê, no entanto, promoveu abertura de mais um inquérito, já que foi acordado o montante de R$ 1.004.000,00 pela performance.
Em uma live em seu Instagram nesta segunda-feira (30), o cantor disse que anda “levando tanta pancada, aguentando calado” e afirmou não saber o motivo de tanta “perseguição e inverdades”.
Apoiador do presidente Bolsonaro, o artista tentou se defender usando o argumento de ser um ano eleitoral:
“Não falo mais de política. Tenho que fazer música e não falar sobre política. Estamos em ano eleitoral e vale tudo. Até arrebentar com um ser humano digno e honesto, coisa que eu sou“, disse Gusttavo.
Entre os comentários no post do sertanejo estava do do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ): “Fique firme, meu irmão. Você é um cara do bem! Deus proverá!”, escreveu o filho do atual presidente.
Gusttavo Lima também citou o caso do helicóptero de um frigorífico plotado com a imagem do presidente Jair Bolsonaro. Ele afirmou que a aeronave pertence ao sócio dele.
“Ele tem a opinião política dele, ele faz a vida dele o que ele quiser (…) Eu sou um cara que, ultimamente, nem falo de política mais“, disse.
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