Após ver sua filha de 8 anos ser vítima de constantes ataques racistas dentro da escola Edem, tradicional instituição de ensino da Zona Sul carioca, considerada como progressista, os pais da menina decidiram retirar a criança do colégio. Este ano, revelam os pais em carta enviada à direção da Escola Edem, em Laranjeiras, a filha chegou a sofrer agressão física. No ano passado, para tentar reduzir as ofensas racistas, foram feitas reuniões e encontros na escola. Mas não adiantou.
Considerada um modelo e educacional a Escola Edem diz em seu site “realizar um projeto pedagógico que integra formação acadêmica, ético-política, estética e cultural, com o objetivo de favorecer o crescimento pessoal de cada aluno/aluna e a construção de uma sociedade mais solidária”. Mas basta ver as fotos no site da instituição para ver que não há nenhuma imagem de alunos negros. Como garantir o crescimento pessoal de seus alunos sem ter um trabalho pedagógico voltado para o respeito à diversidade?
A escola, muito conceituada na Zona Sul, postou uma carta em seu site alegando que “a aluna e a família foram acolhidas em seus sofrimentos, e estratégias foram discutidas e implementadas”. Todas as estratégias propostas pela escola, entretanto, parecem ter fracassado.
Leia a carta dos pais da aluna e em seguida a carta da direção da Escola Edem:
“Mães e pais!
Segue abaixo a carta que enviamos hoje à Escola Edem. Resolvemos compartilhar essa experiência com vocês pois acreditamos que possivelmente seja do interesse de todos. Aproveitamos para nos despedir desse grupo, desejando a todos nós um mundo mais preparado para lidar com as diferenças!
” Aos educadores e gestores da Escola Edem!
Por mais de um ano nos vemos falando praticamente sozinhos sobre a necessidade de diversidade racial nessa instituição. E não falamos sobre isso apenas por ideologia, falamos por necessidade, por apostamos nessa escola para colaborar no processo educacional das nossas três filhas.
Porém, essa carta é um atestado de desistência! Nós estamos desistindo de manter a nossa filha nessa instituição.
Ano passado, 2018, na primeira confraternização da turma, entendemos que a diferença racial entre nossa filha e sua turma seria um desafio. Lá, vivemos a primeira situação… Ouvimos uma das crianças dizer a outra: “Deixa essa pretinha pra lá…”. Única negra da turma! Esse é um título bem pesado. Mas não tememos desafios e acreditamos no crescimento e avanço da sociedade e das pessoas.
Porém antes mesmo do primeiro mês de aula, nossa filha mais velha já colecionava “inocentes” abordagens racistas: “Você é pobre? Deve ser! Você é marrom!”
Tivemos que ensinar nossa filha de 6 anos o que é discriminação, e que precisamos nos defender diariamente. Sem por isso odiar os diferentes!
Durante todo o ano alguns outros episódios ocorreram e nós mergulhamos em diversas tentativas de diálogo… Alertamos pais… Cobramos de professores… Criamos grupos… Provocamos reuniões… Tentamos sensibilizar gestores para providências práticas, e efetivas de combate ao racismo na escola. Sem efetivo sucesso!
Pouco avançamos, pouco dialogamos…. Nada transformamos!
Esse ano, 2019, não querendo expor ela a outra mudança de escola, mantivemos nossa filha na EDEM, na esperança de que seria diferente.
E realmente tem sido! As abordagens de racismo se ampliaram, se aprofundaram e tornaram-se mais cruéis. Algumas crianças da turma descobriram ser esse o “ponto fraco” dela, e passaram a utilizá-lo diariamente, sob o olhar de toda a equipe da instituição.
Todos os dias nas últimas duas semanas nossa filha tem sido agredida não apenas verbalmente, chegando a ocorrer episódios de violência física dentro do ambiente escolar.
Novamente tive que ensinar a minha filha, agora de 7 anos, que racismo é crime, e que é preciso berrar quando ele nos atinge. E ela procurou ajuda! Sem solução efetiva.
Mesmo com nosso esforço, o racismo institucional nos venceu! Esse é o fato. E estamos lidando com ele, da forma menos dolorosa possível, até porque tememos o carimbo do “mimimi”. Tá claro que a dor é nossa, e que nós é que teremos que lidar com ela.
Nossa menina não quer mais pisar na escola, está arredia, chorosa, confusa, agressiva, ferida…
Não! Nós não caminhamos até aqui para aceitar esse lugar. Qualquer outro é melhor que esse.
Efetivamente não existe uma compreensão do tamanho do mal que estava sendo feito à nossa filha. O tamanho da ferida e a chance de curá-la!
Depois de tudo isso nós não acreditamos mais na capacidade de vocês de colaborarem na formação da nossa menina. Por isso estamos tirando a nossa filha dessa escola.
Esperamos de verdade que a passagem das nossas meninas pela Edem deixe alguma colaboração, ao menos uma reflexão.
Em nossa pequena com certeza ficarão marcas, por vezes dolorosas, mas que vamos trabalhar dia a dia para transformar em aprendizado, e força… Sem ódio!
Não somos os primeiros a desistir dessa escola por isso, já soubemos de alguns outros casos… Precisamos todos aceitar a necessidade de evoluir, aprender, desconstruir… Efetivamente não temos ainda educadores preparados para lidar com a questão racial… Alguns que sequer são capazes de perceber suas limitações… E quem não reconhece sua dificuldade dificilmente será capaz de superá-la.
Uma semente foi plantada… Saímos, mas deixamos hoje dois grupos de discussão construídos… Um coletivo de responsáveis por crianças pretas, e um coletivo aberto discutindo a falta de diversidade racial dessa escola. Eles ainda acreditam em vocês… Esperamos que não os desapontem…
Elisio e Renata”
Se a escola Edem fosse modelo de boa educação de verdade, os alunos que a frequentam não se sentiram autorizados a discriminar outros alunos de etinia diferente. Preconceito e racismo em uma instituição de ensino que é vista como referência, é inadmissível.
PRECONCEITO AGORA NÃO É MAIS VELADO. É ESCANCARADO. ESTUDEI EM ESCOLA TRADICIONAL E POSSO AFIRMAR QUE ESSAS ESCOLAS NÃO RESPEITAM A DIVERSIDADE DE FATO, ELAS FINGEM RESPEITAR, MAS SÓ QURM ESTÁ DENTRO DA INSTITUIÇÃO NO DIA A DIA É QUE SABE O QUE PASSA. E QUANDO A CRIATURA É CRIANÇA FICA MAIS DIFÍCIL DE FALAR ALGO. OS PAIS FIZERAM BEM EM RETIRAR A FILHA DESSA ESCOLA! COLOQUEM ELA NUMA ESCOLA LIBERTADORA, QUE ENSINE COM RESPEITO A DIVERSIDADE, AMOR FRATERNO E LIBERDADE!
Em 1968, eu era a unica aluna, notadamente negra, e ouvia: “essa negra não!
51 anos depois e nada mudou!
Opa mudou agora é mimimi!
Infelizmente no Colégio Edem, sua administração e seu corpo pedagógico não tem competência para lidar com o problema racial, Pelo visto ser considerado modelo de boaneducao e ter entre seis alunos crianças e jovens adolescentes que em pleno se uma XXI ainda tem problemas com etnias diferentes, só vem mostrar que o Colégio Edem não prima por um modelo de educação inclusiva, pois a exclusiva eles já praticam. Espero que eles possam ler os comentários e quem sabem repensar a orientação ofere dia por eles, pois com corpo pedagógico falou e muito neste caso, um sinal claro que despreparo e ou incompetência mesmo.
Situação triste. Certamente por isso que o BBB21 juntou negros e brancos para ver o que vai sair disso, já que crescemos sem sermos educados contra o racismo. Estudei nesse colégio no final da década de 70, início dos anos 80, então Colégio Santa Úrsula e infelizmente eram muito poucos os alunos negros naquela época. Ainda sonho com dias melhores.