Racismo, invisibilidade e obstáculos sociais é a pauta trazida no documentário “Invisíveis”, que será lançado na terça-feira (30), pelo Coletivo Pé na Porta, no YouTube. A obra, que estará disponível gratuitamente a partir das 20h, busca fazer um paralelo entre a realidade e ficção da vivência negra e seus atravessamentos.
A produção ganhou vida através de recursos da Lei Aldir Blanc e enfatiza histórias, abusos e sofrimentos enfrentados por profissionais negros. Entre as funções escolhidas estão os garis, auxiliares de serviços gerais, empregadas domésticas, capoeiristas e entregadores, que compõem o quadro de entrevistados.
“O curta é uma comprovação de que as pessoas mudam, mas as histórias são as mesmas. Nos faz refletir e entender o que a sociedade construiu na vida dessas pessoas em relação a invisibilidade na vida e no mercado de trabalho. Retrata o processo de escravização e a falsa libertação que abandonou os pretos, os deixando em extrema vulnerabilidade, fazendo com que aceitem a invisibilidade como forma de sobrevivência”, diz Renata Tavares, diretora do filme e uma das fundadoras do Coletivo Pé na Porta.
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Invisíveis narra diversas histórias, uma delas é a de Cleiton, interpretado pelo ator Cridemar Aquino. Cleiton é um ex-presidiário que trabalha como auxiliar de serviços gerais.
“É um prazer interpretar o Cleiton. É um personagem absolutamente profundo e com várias camadas. É muito importante jogarmos luzes neste tipos de personagens que de uma forma geral é sempre retratado superficialmente pelas produções. No espetáculo “Invisíveis” todos os personagens são protagonistas e muito importantes para o desenvolvimento da história que está sendo contada”, ressalta Cridemar.
Outro ponto abordado no filme é a consciência racial tardia, exemplificado no personagem Pedro, interpretado por Milton Filho.
“Pedro se reconheceu negro de uma forma muito dura e brusca. Pedro percebeu que os pretos como ele não tinham direitos, mas tinham uma felicidade que ela não conhecia. Ao se reconhecer negro, Pedro descobre a dura realidade do preconceito racial”. Milton ainda ressalta que a dramaturgia se torna rica ao contar histórias que se misturam com a realidade dos atores, personagens e entrevistados como o caso de Diva, personagem trans vivida por Raphael Rodrigues.