Alpha Condé foi preso neste domingo (5) por membros do Grupo das Forças Especiais do Exército em aparente golpe de estado
Fonte: Agência EFE
O presidente da Guiné, Alpha Condé, foi preso neste domingo (5) por membros do Grupo das Forças Especiais do Exército daquele país, de acordo com o comandante do corpo de elite, o coronel Mamady Doumbouya. Em um aparente golpe de estado, o coronel também anunciou neste domingo, em um vídeo postado nas redes sociais, que os militares haviam concordado em derrubar a constituição e o governo.
“Depois de tomar o presidente, que atualmente está conosco, decidimos dissolver o governo, dissolver a constituição em vigor, dissolver as instituições e fechar as fronteiras terrestres e aéreas”, anunciou Doumbouya. O coronel justificou a decisão pela situação sócio-política e econômica do país e pela “disfunção das instituições republicanas“, entre outras razões.
“Convidamos nossos irmãos de armas a se unirem para satisfazer as legítimas aspirações do povo guineense”, salientou o líder do golpe. Em fotografias e vídeos divulgados pela imprensa local, Condé, de 83 anos, é mostrado usando jeans e uma camisa estampada, sentado em um sofá com um rosto sério e cercado por soldados armados, no que parece ser o palácio presidencial em Conakri.
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Situação incerta
A situação, entretanto, é confusa porque o Ministério da Defesa havia dito em comunicado que “a guarda presidencial, apoiada por forças de defesa e segurança republicanas, continha a ameaça e repelia o grupo insurgente.”
“As operações de segurança e busca continuam restaurando a ordem e a paz”, disse a nota oficial, que não fez menção alguma sobre o destino do chefe de Estado. A aparente tentativa de golpe veio depois que tiros foram ouvidos pela manhã no centro da capital, e os soldados do exército tomaram posições na área.
Disparos também foram feitos em Kaloum, o distrito comercial e administrativo de Conakri, onde está localizado o palácio presidencial e numerosos ministérios. As ruas da região estavam desertas enquanto os tiros continuavam e, segundo testemunhas, veículos blindados foram colocados e pareciam estar se dirigindo para o palácio presidencial.
Em 18 de outubro, houve eleições presidenciais na Guiné, nas quais Condé obteve um terceiro mandato, o que gerou polêmica. Isso porque a Constituição permite apenas uma reeleição. No entanto, um referendo para alterar a legislação, e o “sim” teve 91,5% a favor.
Na sequência da violência desencadeada pelas eleições, cerca de 30 pessoas foram mortas, segundo a oposição, depois que as forças de defesa e segurança dispararam munições contra manifestantes e espectadores.