Mulheres pretas e pardas têm menos chances de se casar, aponta estudo

retrato-de-mulher-jovem-em-natureza-scaled.jpg

Pesquisa concluiu que a cor da pele ainda decide quem formaliza ou não uma união.

Estudo revela que mulheres pretas e pardas têm significativamente menos chances de se casar ou estabelecer uniões estáveis quando comparadas às mulheres brancas, mesmo quando comparadas mulheres de mesma idade e escolaridade. Em 2023, a probabilidade de uma mulher preta estar casada era de 44%; entre pardas, de 50%; e, entre brancas, de 51,3%.

Segundo o estudo “Quem se dá melhor no casamento? Diferenças raciais no mercado matrimonial brasileiro” que analisou dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE) anual de 2002 e 2015 e da Pnad Contínua de 2016 a 2024 o racismo estrutural também se manifesta no campo afetivo e molda como mulheres negras são vistas e desejadas.

A pesquisa considera como “casada” a mulher que tinha cônjuge de sexo diferente registrado no mesmo domicílio, perfil com base de dados suficiente para a pesquisa.

Um novo estudo revela que mulheres pretas e pardas têm significativamente menos chances de se casar ou estabelecer uniões estáveis – Foto: Freepik

Parceiros com menor escolaridade

A pesquisa também revelou que, quando casadas, mulheres pretas e pardas tendem a ter parceiros com menor escolaridade e renda prevista.

Entre 2022 e 2024, a renda prevista do marido de uma mulher preta foi, em média, aproximadamente 14,9% mais baixa que a do marido de uma mulher branca. No mesmo período, a escolaridade do marido de uma mulher preta foi, em média, cerca de 7 pontos percentuais mais baixo que a do marido de uma mulher branca.

Para além da união, o casamento é também uma das principais formas de acumulação de renda e mobilidade social, como aponta a pesquisadora Milena Mendonça:

“Se mulheres pretas e pardas ficam mais fora dessas uniões ou entram em uniões com parceiros em pior situação, isso limita o patrimônio que elas próprias acumulam e as oportunidades educacionais e de mobilidade social dos filhos”, afirma pesquisadora.

Leia também: Mulheres negras seguem na linha de frente da violência no Brasil

A barreira para construção de uma família é também sentida por mulheres negras de famílias ricas, segundo o estudo

“Quando a desvantagem persiste mesmo considerando escolaridade e idade, isso indica que não se trata apenas de escolhas individuais, mas de barreiras raciais que afetam quem é visto como parceira desejável”, diz Mendonça.

Os números deixam claro o que mulheres negras já denunciam há gerações: a solidão não é fruto do acaso, mas de estruturas que seguem definindo quem merece afeto, projeto de vida e futuro compartilhado.

Layla Silva

Layla Silva

Layla Silva é jornalista e mineira que vive no Rio de Janeiro. Experiência como podcaster, produtora de conteúdo e redação. Acredita no papel fundamental da mídia na desconstrução de estereótipos estruturais.

Deixe uma resposta

scroll to top