O editor de vídeo, Guilherme Muniz, denunciou ter sido vítima de racismo e difamação em Arraial d’Ajuda, distrito de Porto Seguro (BA). No último dia 9 de setembro, por volta das 17h, ele caminhava com a mãe em direção a uma sessão de acupuntura, quando, por engano, pararam em frente a uma residência.
“Estávamos indo a pé para o tratamento da minha mãe, que enfrenta depressão e síndrome do pânico. Por engano, paramos na casa errada. O dono da residência nos considerou suspeitos e, claro, focou em mim, que sou um homem negro”, relatou em um vídeo publicado em seu perfil no instagram.
Segundo Guilherme, o casal que mora no imóvel registrou imagens dele e da mãe e as compartilhou em grupos locais de mensagens, acusando-os de roubo. “Meu rosto e o da minha mãe foram expostos como se fôssemos criminosos. Isso coloca nossas vidas em risco”, afirmou.
Após receber os prints por meio de uma conhecida, ele procurou a polícia e voltou à casa acompanhado dos agentes. “O casal, do Rio Grande do Sul, se recusou a pedir desculpas ou a se retratar. Nos trataram com desdém, como se nada tivesse acontecido.”
Muniz afirmou que já iniciou medidas legais para responsabilizar os envolvidos. “Estamos tomando todas as providências cabíveis juridicamente. Mas peço que compartilhem esse vídeo na comunidade de Arraial para limpar a minha imagem e para que eu e minha família possamos viver em paz.”
Em 2024, conforme dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), o Disque 100 recebeu mais de 3,4 mil denúncias relacionadas a mais de 5,2 mil violações de cunho racial entre janeiro e o início de novembro, números divulgados por ocasião do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.
A legislação brasileira trata o racismo como crime inafiançável e imprescritível (Artigo 5º, inciso XLII, da Constituição Federal). A Lei nº 14.532, de 2023, tipifica a injúria racial como crime de racismo, com pena de dois a cinco anos de reclusão e multa. “De modo geral, o racismo é definido como um crime contra a coletividade, enquanto a injúria é direcionada ao indivíduo”, explica o MDHC.
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