Ministro do STF em entrevista ao Washington Post, fala sobre sanções impostas a ele pelo presidente dos EUA, Donald Trump
Ministro do STF em entrevista ao Washington Post, fala sobre as sanções impostas a ele pelo presidente dos EUA, Donald Trump
Em entrevista ao jornal norte-americano The Washington Post, divulgada nesta segunda (18), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que não pretende recuar em suas decisões sobre o caso do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo Moraes “não existe a menor possibilidade de recuar nenhum milímetro sequer” mesmo após sanções impostas contra ele pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
Bolsonaro está preso em casa após descumprimento de medidas cautelares impostas a ele, por ter veiculado conteúdo nas redes sociais dos filhos. O governo americano alega que a ação penal que segue os trâmites tradicionais da Justiça brasileira, seria na verdade uma “caça às bruxas” contra o ex-presidente promovida por Moraes.

Foto: reprodução Paulo Pinto/Agência Brasil
O ministro foi sancionado pela Casa Branca com a Lei Magnitsky, usada para punir estrangeiros, além de ser alvo de críticas de integrantes do alto escalão do governo americano e do próprio Donald Trump. A lei imposta a Moraes, determina que eventuais bens do ministro nos EUA sejam bloqueados, assim como qualquer empresa que esteja ligada a ele. Além disso, Moraes também não pode realizar transações com cidadãos e empresas dos EUA, usando cartões de crédito de bandeira americana, por exemplo.
Apesar das sanções, o ministro do STF não se deixa abalar e afirmou ao jornal norte-americano que o caso de Bolsonaro seguirá: “Faremos o que é certo: receberemos a acusação, analisaremos as provas, e quem deve ser condenado será condenado, e quem deve ser absolvido será absolvido”, disse à publicação. Na última semana, o julgamento do núcleo crucial da trama golpista foi marcado. Bolsonaro participa desse núcleo e o caso será julgado entre 2 e 12 de setembro, conforme divulgado pela agenda da Corte.
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O xerife da democracia
O jornal norte-americano denomina Moraes como “xerife da democracia” e afirma que os “decretos expansivos” do ministro reverberam no mundo inteiro, em menção às sanções impostas a redes sociais, como o X, de Elon Musk.
Moraes na entrevista também explica a importância da defesa da democracia brasileira e o contexto histórico do país que já sofreu uma ditadura militar: “Mas o Brasil teve anos de ditadura sob o [presidente Getúlio] Vargas, outros 20 anos de ditadura militar e inúmeras tentativas de golpe. Quando você é muito mais atacado por uma doença, forma anticorpos mais fortes e busca uma vacina preventiva”.
Moraes também explicou que entende a cultura americana não entender a fragilidade e importância da defesa de um estado democrático: “Entendo que, para uma cultura americana, seja mais difícil compreender a fragilidade da democracia porque nunca houve um golpe lá”, disse o ministro ao jornal.
Sobre as críticas dos apoiadores do ex-presidente em relação à ação penal que tramita contra ele e aliados na Corte, Moraes disse que se tratam de “narrativas falsas”, que atrapalham o relacionamento entre o Brasil e os Estados Unidos, aliados históricos.